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BCE mantém taxa de juro inalterada em mínimo histórico

A decisão não surpreendeu os analistas que consideravam que não iria haver alterações às taxas de juro. Os mercados vão agora ouvir atentamente as palavras do presidente Mario Draghi na conferência de imprensa.

2.º- Mario Draghi
É a maior subida do ano. Sinal do peso crescente do BCE. E dos estrangeiros em Portugal.
04 de Dezembro de 2014 às 12:50
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As taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE) vão entrar inalteradas em 2015. A decisão foi tomada pelo Conselho da autoridade monetária na reunião mensal desta quinta-feira, 4 de Dezembro.

 

A decisão não surpreendeu os analistas. Dos 54 economistas consultados pela Bloomberg, nenhum previa que o BCE pudesse proceder a alterações nas taxas de referência. 

 

A taxa de juro directora mantém-se nos 0,05%. Já a taxa de juro sobre os depósitos mantém um valor negativo (-0,20%), enquanto a taxa da facilidade permanente de cedência de liquidez fica nos 0,30%. As três taxas estão actualmente em mínimos históricos.

 

Os mercados vão agora escutar com atenção as palavras de Mario Draghi às 13h30 na habitual conferência de imprensa após a reunião do Conselho do BCE, composto pelos seis membros da Comissão Executiva e os 18 governadores dos bancos centrais da região do euro.

 

A perspectiva da autoridade monetária aprovar mais medidas de estímulo está a animar os mercados. Os juros da dívida soberana de Portugal voltaram a bater hoje um mínimo histórico pela quinta vez em oito sessões. No mercado de acçoes, as cotadas europeias estão no terceiro dia consecutivo de ganhos, com o Stoxx 600 - índice que agrega as 600 maiores cotadas europeias - a aproximar-se de máximos de sete anos, desde Janeiro de 2008.

 

Mario Draghi avisou recentemente que é preciso dar "tempo" para as actuais medidas de estímulo surtirem efeito, incluindo os programas de compra de dívida privada "ABS" e "covered bonds". 

 

O presidente do BCE revelou que em cima da mesa está agora a possibilidade de comprar "títulos de dívida soberana". Vítor Constâncio veio reforçar a mensagem, mas atirou uma decisão "para o primeiro trimestre do próximo ano". O português vice-presidente do banco central justificou a apetência por estas obrigações por serem os "activos em maior dimensão e mais líquidos que existem".

 

Objectivo: aumentar o balanço para os três biliões de euros

 

A economia real não espera, no entanto, pela autoridade monetária e os dados económicos reveladores do estado anémico da Zona Euro: O desemprego está nos 11,5%, a inflação em mínimos de cinco anos nos 0,3% e a economia deverá crescer 0,9% este ano.

 

Mario Draghi prometeu aumentar o balanço do BCE para níveis de 2012 e engordá-lo dos dois biliões de euros actuais para os três biliões.

 

Os analistas apontam, no entanto, que o actual volume de medidas não é suficiente. "Acontece que, com as actuais medidas de estímulo, para atingir esse valor, o banco necessitaria de 10 anos. É muito tempo e a economia não aguentaria tamanha fracção temporal em processo expansivo", aponta o analista Tiago da Costa Cardoso da XTB Portugal

 

A juntar a estes estímulos também está a segunda ronda do financiamento a baixos juros do BCE (programa TLTRO) que vai ter lugar durante este mês. "Considerando que o programa de compra de ABS começou agora, e a próxima ronda do TLTRO vai ter lugar em menos de uma semana, talvez não seja a altura de mais medidas", considera Alistair McCaig, analista do IG. 

 

Os analistas consultados pelo Negócios consideram que a "bazuca" do BCE só deverá ser aprovada na reunião de Março. Este compasso de espera pode ser estratégico de forma a obter o maior apoio possível para a compra de dívida soberana, incluindo da Alemanha que tem criticado a introdução de mais estímulos.

 

"Idealmente, Draghi gostaria de ter uma forte maioria de apoio. Existe claramente um apreciável relutância entre alguns membros do Conselho do BCE em aprovar um "quantitative easing" total", disse à Bloomberg Howard Archer analista do IHS Global Insight.

 

A próxima reunião vai ter agora lugar a 22 de Janeiro. A periocidade dos encontros deixa de ser mensal para passar a ter lugar de seis em seis semanas. O BCE vai também passar a publicar as minutas dos seus encontros à semelhança da Fed e do Banco de Inglaterra.

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