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António Costa: Governo “sofreu hoje pesada derrota política e doutrinária”

O anúncio do BCE de compra de dívida pública dos países da Zona Euro é “um ponto de viragem da política europeia”, assinala António Costa. E representa uma derrota do Governo de Passos Coelho e de uma “política contra a economia ditada por mero fanatismo ideológico”.

Bruno Simão/Negócios
22 de Janeiro de 2015 às 18:22
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O líder do PS mostrou-se satisfeito com o anúncio feito esta tarde por Mario Draghi, presidente do BCE, de que o banco central vai comprar dívida pública dos países do euro. "Constitui um ponto de viragem da política europeia com o objectivo de combater a deflação e promover o investimento e a criação de emprego", afirmou António Costa, na sede do PS.

 

Por outro lado, Draghi "confirmou assim que as actuais políticas monetárias e orçamentais não estão a ser capazes de alcançar estes objectivos". Ou seja, e em resumo, "a estratégia europeia de combate à crise falhou".

 

António Costa deixou críticas duras ao Governo de Pedro Passos Coelho, porque a "submissão" à "estratégia europeia que está posta em causa foi, e é, contrária ao interesse nacional". Costa lembrou declarações anteriores de Passos Coelho a criticar a possibilidade de o BCE comprar dívida aos estados. "O primeiro-ministro foi sempre um adversário desta medida e contrário à mudança de orientação da política europeia", acusou.

 

"A ortodoxia do ajustamento interno prosseguido pelo Governo sofreu hoje uma pesada derrota política e doutrinária", sentenciou António Costa. Esta posição do BCE prova ainda que este é um "Governo isolado não só internamente como externamente, que não compreende a natureza do problema que enfrentamos" e que se mostra "incapaz de defender políticas que retirem Portugal e a Europa" desta situação. O Executivo, aliás, "reiterada e obstinadamente prossegue uma política contra a economia ditada por mero fanatismo ideológico", acusou.

 

BCE dá o primeiro passo, faltam outros

 

António Costa sublinhou que a intervenção do BCE, com a compra de 60 mil milhões de euros por mês em dívida, "será sempre insuficiente se não for acompanhada de uma política orçamental mais amiga do crescimento e do emprego". "É por isso que o programa hoje anunciado deve ser visto em conjunto com o plano Juncker de investimento europeu", no valor de 315 mil milhões de euros, "e com a leitura inteligente e flexível das regras em matéria de défice e dívida pública apresentadas há dias" pela Comissão Europeia.

 

"É um primeiro passo importante, mas ainda insuficiente", reconheceu Costa. "É necessário aprofundar a mudança na Europa e, para isso, é necessário mudar os governos nacionais, como o português, que sempre se opuseram a estas medidas" por governos "que ponham termo à austeridade", acrescentou. "Os passos são pequenos mas têm uma enorme novidade: vão na direcção certa", congratulou-se.

 

 "Todas estas medidas marcam um momento de viragem na política europeia, há muito defenda pelos partidos socialistas europeus e também pelo PS", sustentou. Costa lamenta que o Governo português de procurar "limitar o alcance e significado do plano Juncker".

 

"A nível nacional, é essencial melhorar as expectativas dos agentes económicos, condição do aumento do investimento produtivo, e condição de absorção pelas empresas da maior liquidez" que agora será disponibilizada. Costa considera que a prioridade deve ser dada à aquisição de dívida "de sectores produtivos, geradores de emprego, em especial de pequenas e médias empresas (PME)", sustentou.

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