O Comité de Política Monetária da Reserva Federal dos EUA (FOMC) manteve as taxas de juro e entregou uma mensagem suave aos mercados. Com os investidores à espera de sinais sobre a evolução do ciclo de normalização das taxas de juro, a entidade liderada por Janet Yellen voltou a mencionar os riscos para a economia dos EUA vindos dos últimos desenvolvimentos económicos e financeiros globais.

O comunicado do FOMC indica que os responsáveis pela política monetária da maior economia do mundo esperam que, "com o ajustamento gradual da sua posição de política monetária, a actividade económica se expanda a um ritmo moderado e que os indicadores do mercado de trabalho continuem a fortalecer", segundo o comunicado da Fed. No entanto, consideram que "os desenvolvimentos económicos e financeiros globais continuam a colocar riscos".

Janet Yellen explicou na conferência de imprensa para explicar as decisões de política monetária, que as revisões em baixa para o crescimento global por parte de entidades como o FMI, e o impacto dos baixos preços do petróleo em economias como as do México e do Canadá levam a uma expectativa de um crescimento mais moderado nos EUA.

A preocupação com os desenvolvimentos económicos e financeiros globais já levaram, no ano passado, a Fed a adiar a decisão de dar início ao ciclo de subida das taxas de juro. No entanto, após a maior acalmia verificada nos mercados nas últimas semanas, a maioria dos bancos de investimento antecipava uma mensagem mais incisiva da Fed em termos do "timing" para a próxima subida das taxas.

O consenso do mercado apontava, antes da reunião desta quarta-feira, para que a Fed voltasse a subir as taxas em Junho. Mas o ciclo de subida das taxas de juro poderá ser mais lento dado o corte das projecções dos membros do FOMC. Mas a mensagem da Fed foi mais suave do que o esperado, o que se está a reflectir na cotação do dólar. Após ter negociado com ganhos face ao euro, a nota verde passou para terreno negativo e cede mais de 0,5% face à moeda única.

Projecções para a taxa de juro e para inflação revistas em baixa

Outros dos factores a pressionar o dólar é a revisão em baixa dos membros do FOMC das projecções para a inflação, crescimento e para a taxa de fundos federais. A mediana das projecções aponta para que a taxa dos fundos federais se situe em 0,9% este ano e em 1,9% no próximo ano. Na reunião de Dezembro, esse valor era de 1,4% e 2,4%, respectivamente.

As projecções para a inflação também baixaram. A mediana é agora de 1,6% para este ano e de 1,9% para 2017, o que compara com as indicações de 1,2% e 1,9% dadas na reunião de Dezembro. No entanto, Janet Yellen espera que os preços evoluam para os valores desejados nos próximos dois a três anos, defendendo que a inflação está a ser penalizada por factores transitórios como o baixo preço da energia e o dólar forte.

Para o crescimento, a mediana das projecções é agora de 2,2% e 2,1% em 2016 e 2017, o que compara com os 2,4% e 2,2% em Dezembro. A presidente da Fed admitiu que esta diminuição estava relacionada não só com as perspectivas mais modestas para o crescimento global mas também pelo efeito da volatilidade dos mercados nos prémios de risco da dívida de empresas norte-americanas.

No entanto, Janet Yellen desvalorizou as projecções dos responsáveis pela política monetária da maior economia do mundo. "As projecções não são promessas. São avaliações individuais dos participantes", referiu. E acrescentou que as decisões de política monetária não são "pré-definidas".

O comunicado do FOMC refere que "o Comité espera que as condições económicas evoluam de maneira a garantir apenas subidas graduais na taxa de fundos federais; a taxa de fundos federais irá provavelmente ficar abaixo dos níveis que serão esperados no longo prazo por algum tempo".

(Notícia actualizada, com título e lead actualizados, às 19:13 com mais informações e declarações de Janet Yellen)