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Três factores a que o mercado estará atento na reunião da Fed

A Reserva Federal dos EUA termina esta quarta-feira a reunião de política monetária. O mercado não antecipa subida dos juros, mas a expectativa é grande para aferir o tom das palavras de Janet Yellen.

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What to Expect From the Fed Tomorrow
16 de Março de 2016 às 12:50
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O Comité de Política Monetária da Reserva Federal dos EUA (FOMC) conclui esta quarta-feira, 16 de Março, a reunião para decidir sobre as condições monetárias na maior economia do mundo. Quase uma semana depois de o BCE ter aumentado o arsenal de combate à baixa inflação, o mercado não antecipa que a Fed suba juros.

Mas as atenções estarão viradas para o tom das declarações de Janet Yellen (na foto), que fará uma conferência de imprensa após a reunião. As palavras da presidente da Fed serão analisadas ao pormenor pelos investidores, na tentativa de perceberem qual será o ritmo do ciclo de normalização dos juros nos EUA.

O impacto melhoria dos dados económicos na retórica da Fed

Desde a última reunião do FOMC, as condições dos mercados e da maior economia do mundo deram sinais de melhoria, o que pode dar mais confiança à Fed para prosseguir com o ciclo de subida das taxas. "A Fed estará, provavelmente, com um espírito mais confiante do que no final de Janeiro", consideram os analistas do Deutsche Bank. Constatam que "os dados económicos melhoraram, em termos gerais, desde Janeiro, o que deverá permitir ao FOMC dar um tom um pouco mais optimista".

Também os analistas do RBC Capital Markets observam que "com o dólar mais fraco, os prémios de risco do crédito a recuarem e com a volatilidade implícita a descer dramaticamente desde os níveis atingidos em meados de Fevereiro, torna-se difícil que a linguagem da Fed se coadune com o factor do mercado estar a descontar uma subida das taxas de 30 pontos base em 2016".

A expressão temida pelos investidores

Apesar da melhoria dos dados económicos e do menor stress nos mercados financeiros, alguns economistas temem que a Fed possa sinalizar um ciclo de subida de juros mais rápido do que o que está a ser descontado pelo mercado. "A recuperação económica continua e a inflação está a subir lentamente. Assim, a Fed poderá, provavelmente, aumentar mais as taxas de juro do que o descontado pelo mercado e podem mesmo ajustar as orientações" para a evolução dos juros esta quarta-feira, referem os analistas do Commerzbank.

O banco considera que apesar das melhorias verificadas desde Janeiro, o mercado ainda não está preparado para uma indicação clara de que a Fed suba os juros em breve. No jogo de expectativas entre a Fed e os mercados, há uma expressão que poderá ser temida pelos investidores, a de que Janet Yellen defenda que os riscos "estão quase equilibrados".

O Commerzbank entende que "com o retrocesso das turbulências financeiras e os sinais de estabilização no petróleo, o FOMC pode ter razões para argumentar que os riscos estão ‘quase equilibrados’ novamente". Mas na perspectiva do banco alemão "isso daria um sinal demasiado restritivo a esta altura, e seria provavelmente mais adequado para Abril como uma preparação para uma subida potencial dos juros em Junho".

A marcação cerrada entre a Fed e os mercados

O início do ciclo de normalização das taxas de juro foi adiado várias vezes em 2015, com a Fed a preferir esperar para ver em alturas de maior nervosismo nos mercados. Janet Yellen acabaria por fazer a primeira subida das taxas apenas em Dezembro. E essa marcação cerrada entre os mercados e a autoridade monetária poderá continuar a pautar a actuação da Fed.

Apesar da turbulência de início do ano ter acalmado, as indicações dadas pelos preços de mercado pressupõem uma subida muito lenta das taxas de juro, mesmo que os principais indicadores que a Fed está obrigada a monitorizar, o emprego e a inflação, dêem sinais positivos. "Em última análise, o número de subidas que o FOMC consiga fazer este ano dependerá muito mais dos mercados do que dos dados económicos", consideram os analistas do Société Générale.

"O emprego e a inflação estão a caminhar para níveis consistentes com o mandato [da Fed] e é improvável que a trajectória se altere de forma significativa. No entanto, com o mercado de taxas de juro a incorporar agora nos preços apenas uma subida das taxas por ano, pode a Fed normalizar os juros de forma rápido sem pressionar o dólar e provocar outra ronda de restritividade nas condições financeiras?", questiona o banco francês.

Esta questão, a da interdependência entre os mercados e a Fed continuará a tornar difícil a actuação da entidade liderada por Janet Yellen no ciclo de normalização, defende o Société Générale. "E é por isto que não esperamos mais do que duas subidas este ano, e o mais provável é ser apenas uma".

Caberá a Janet Yellen gerir as expectativas entre os receios de que os investidores estejam a subestimar o ritmo do ciclo de subida de juros nos EUA e a convicção de que a incerteza nos mercados atrasará o caminho da normalização da política monetária. 


Stephen Roach analisa reunião da Fed
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Stephen Roach, da Universidade de Yale, analisa a reunião da Reserva Federal e o que o banco central poderá fazer para impulsionar a economia.
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