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Trump admite "destruir totalmente a Coreia do Norte"

Como era esperado, Donald Trump aproveitou o primeiro discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas para elevar a pressão sobre o regime norte-coreano, avisando Pyongyang para as consequências de persistir no programa nuclear.

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19 de Setembro de 2017 às 15:40
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O primeiro discurso de Donald Trump na Assembleia Geral das Nações Unidas não foi ao estilo "sniper" mas metralhadora. A metáfora significa que o presidente dos Estados Unidos aproveitou a presença no primeiro plenário da ONU com António Guterres como secretário-geral da organização para "disparar" em várias ou todas direcções, embora apontando especialmente a mira contra a Coreia do Norte e também ao Irão.

 

Na intervenção desta terça-feira, 19 de Setembro, o presidente dos EUA quis desde logo garantir que se a América "for forçada a defender-se e defender os nossos aliados (Japão e Coreia do Sul) não teremos outra hipótese que não destruir totalmente" a Coreia do Norte".

 

Referindo-se ao ditador norte-coreano, como o "homem-míssil", o presidente americano disse que Kim Jong-un está numa "missão suicida" e caracterizou o regime do país como "um bando de criminosos". Tal como já tinha ficado subentendido nas entrelinhas, Trump instou as nações da ONU a isolarem ainda mais Pyongyang mediante a imposição de sanções adicionais. 

"É tempo de a Coreia do Norte perceber que a desnuclearização é o único futuro aceitável" atirou, lembrando que no início de Agosto os 15 países do Conselho de Segurança da ONU aprovaram por unanimidade o reforço das sanções contra Pyongyang, o que deu início a uma escalada de tensão e troca de ameaças entre o regime norte-coreano e Washington.

 

Seguindo um guião antecipado, Donald Trump utilizou a sua intervenção para atacar as "nações malditas" onde, como era também expectável, incluiu o Irão.

 

E reiterando a ideia já transmitida antes ainda das eleições presidenciais de 8 de Novembro do ano passado, de que o acordo sobre o nuclear iraniano forjado pela administração então liderada por Barack Obama foi o "pior acordo da história dos acordos", Trump sustentou agora tratar-se de uma "vergonha" para a América. O inquilino da Casa Branca acusou Teerão de "apoiar o terrorismo", designadamente através do financiamento e apoio logístico ao libanês Hezbollah.

 

Numa semana em que está programado, segundo o acordo alcançado em 2015, o levantamento de parte das sanções que pendem ainda sobre Teerão, Trump afiançou que ainda não se sabe de tudo sobre o assunto, deixando no ar a ideia de que os EUA poderão não seguir aquilo que ficou delineado no acordo de Viena. Ontem o presidente iraniano, Hassan Rouhani, avisou que a América pagará um "preço alto" se rasgar o compromisso obtido há quase dois anos.

 

Também a Venezuela não escapou à torrente. Trump pediu a todas as nações ali presentes para se preparem para "fazer mais" relativamente à crise político-social que se vive em Caracas, responsabilidade do "regime corrupto" de Nicolás Maduro. No entender do líder americano a explicação para a "destruição de uma nação outrora próspera" é simples e deve-se ao socialismo, uma "ideologia falhada".

 

"O problema da Venezuela não é o socialismo ter sido mal aplicado, mas perfeitamente aplicado", sustentou aludindo a exemplos mal sucedidos como a União Soviética. Trump deixou ainda a garantia de que os EUA estão preparados para agir se Maduro continuar a impor autoritarismo sobre o povo venezuelano.

Apelo ao multilateralismo

 

Donald Trump pareceu ter-se convertido aos benefícios do multilateralismo, pelo menos no que concerne à actuação das Nações Unidas. Apesar de enquanto candidato presidencial Trump ter criticado a "incompetência" na actuação das Nações Unidas, chegando mesmo a ameaçar cortar o financiamento da organização multilateral (os EUA são o maior financiador da ONU), o presidente americano chegou a Nova Iorque com o objectivo de recolher apoios para uma acção concertada na resolução dos problemas mundiais.

Esta mudança dever-se-á à crescente pressão e críticas feitas a Washington pela forma como tem gerido a crise na península coreana, mas também ao isolamento da administração americana ao nível da política interna. Procurar respaldo junto da ONU é uma forma de Trump legitimar as suas opções em matéria de política internacional.

Os elogios ontem feitos à acção de António Guterres como líder da ONU, nomeadamente na intenção de reformar a organização tornando-a mais ágil e menos burocrática, mostram que Trump pretende encontrar nas Nações Unidas um aliado. Também as indicações dadas por membros da administração americana sobre a possibilidade de afinal os EUA poderem não abandonar o Acordo de Paris sobre as Alterações Climáticas indiciam que afinal Donald Trump poderá colocar de parte a frente aberta contra o multilateralismo.  

 

Todavia, Donald Trump rejeita renunciar ao nacionalismo, recuperando mesmo o lema de campanha para garantir que a sua administração continuará a colocar agora e sempre a "América primeiro". O presidente americano faz assim um apelo ao multilateralismo deixando claro que não quer nem vai deixar cair o seu nacionalismo. 


"Como líder dos EUA vou sempre colocar a América primeiro (…) e todos vós deviam fazer o mesmo", disse explicando que "percebemos que é do interesse de todos que todas as nações possam ser soberanas e prósperas". Trump colocou ainda de parte o messianismo americano garantindo que a América não quer impor o seu modelo a nenhum país. 

 

"A história está a perguntar-nos se estamos à altura da tarefa. A nossa resposta será a renovação de vontade, uma renovação da determinação e um renascimento de devoção". 


(Notícia actualizada às 16:40)

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