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Costa quer português como língua oficial na ONU e Brasil e Índia no Conselho de Segurança

O primeiro-ministro defendeu que a Índia e o Brasil, assim como algum país africano, tenham assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas e também a formalização do português como língua oficial da organização.

Bruno Simão/Negócios
20 de Setembro de 2017 às 19:49
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Foi bem portuguesa a agenda defendia por António Costa no discurso proferido na Assembleia Geral das Nações Unidas cujos trabalhos foram iniciados na passada terça-feira, em Nova Iorque.

 

Na intervenção feita ao final da tarde (hora de Lisboa) e com cerca de três horas de atraso face ao horário previsto, o primeiro-ministro português mostrou-se alinhado com a agenda reformista defendida pelo secretário-geral da ONU, o também português António Guterres que assumiu o cargo em Janeiro deste ano.


Concordando com Guterres sobre o facto de "a reforma da arquitectura de paz e segurança" ser "uma prioridade absoluta" para a organização, o governante luso defendeu uma maior articulação entre os órgãos da instituição, designadamente entre o Conselho de Segurança e a Assembleia Geral.

 

Na senda da reforma da ONU estabelecida como prioridade pela candidatura protagonizada há um ano por Guterres, António Costa defendeu a necessidade de reformar o órgão de cúpula designado por Conselho de Segurança (CS, composto por 15 membros, 5 permanentes e 10 não-permanentes).

 

Para "lhe assegurar uma representatividade acrescida", Costa defendeu que o Brasil e a Índia "são dois exemplos incontornáveis" de países que merecem estar junto da China, Rússia, Estados Unidos, França e Reino Unido no lote de membros permanentes do CS. E acrescentou que "o continente africano não pode deixar de ter uma presença permanente", embora não tenha dado nenhuma sugestão.

 

O também líder do PS aproveitou ainda a oportunidade para pressionar a instituição multilateral a adoptar o português como língua oficial das Nações Unidas.

 

"Em meados deste século, o português deverá contar com quase 400 milhões de falantes, o que tem justificado a sua elevação a língua oficial em diversos organismos internacionais", explicou António Costa que assumiu a oficialização do português como língua de trabalho da ONU como um "desígnio comum" dos países da CPLP.

Costa contra belicismo retórico e cepticismo climatérico de Trump


Numa segunda parte da sua intervenção, António Costa mostrou-se claramente contrário à visão proclamada por Donald Trump. Ontem, o presidente dos Estados Unidos voltou a ameaçar a Coreia do Norte com o recurso à força e que apesar de apelar ao multilateralismo da ONU para a resolução das crises prementes no mundo acabou por reiterar a sua opção por um nacionalismo individualista cuja adopção aconselhou aos restantes líderes presentes.

 

O socialista recordou que a "diplomacia para a paz" foi a via escolhida por Guterres, pelo que deve ser essa a "ideia que nos deve guiar" com vista a à busca das "melhores respostas às graves crises que hoje enfrentamos", dando como exemplo a ameaça apresentada pelo regime norte-coreano mas também a situação na Síria, na Líbia e a contenda israelo-palestiniana.  

 

Seguindo também uma tendência comum, inclusivamente ao nível da União Europeia, António Costa sustentou que "uma ameaça global que nos interpela a todos é o terrorismo".

 

Possivelmente com Trump debaixo de olho, António Costa consagrou o Acordo de Paris alcançado em 2015 como "um marco na redução dos impactos das alterações climáticas", notando que o cumprimento das metas estabelecidas pelo mesmo é indispensável à prossecução dos "objectivos do pilar ambiental da Agenda [de desenvolvimento] 2030".

 

Assim, Costa afiançou o compromisso de Portugal em reduzir, "até 2030, 40% das emissões de gases de efeito de estufa, em comparação com valores de 1990".

 

A finalizar, o chefe do Governo português defendeu ainda a importância do multilateralismo enquanto "único quadro para a defesa dos bens comuns da humanidade e a promoção colectiva da paz, da segurança e do desenvolvimento".

 

"Ele em nada diminui a soberania de cada uma das nações, nem a capacidade de decisão própria dos seus povos e instituições", atirou ainda no que pareceu um claro remoque ao soberanismo nacionalista defendido por Trump. 

(Notícia actualizada às 20:21)

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