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Macron avisa Trump que é "irresponsável" rasgar o acordo do nuclear iraniano
Num dia de estreias em assembleias gerais da ONU, o também estreante presidente francês defendeu que o acordo sobre o nuclear iraniano é "bom" e que seria "irresponsável" rasgá-lo.
O primeiro discurso do presidente francês Emmanuel Macron na Assembleia Geral das Nações Unidas, que decorre em Nova Iorque, serviu em grande medida para contrariar parte da intervenção feita minutos antes por Donald Trump.
Na sequência das críticas feitas pelo presidente americano ao acordo alcançado em 2015, em Viena, sobre o programa nuclear iraniano que permitiu definir um calendário de progressivo levantamento das sanções que pendiam sobre Teerão, Macron defendeu que esse foi um "bom" acordo.
"Renunciar [ao acordo] seria um erro grave, não respeitá-lo seria irresponsável porque trata-se de um bom acordo essencial para a paz numa altura em que o risco de uma conflagração infernal não pode ser excluído", disse Emmanuel Macron citado pela agência Reuters.
Para Macron a prioridade da comunidade internacional deve antes passar por encontrar uma solução para as ambições nucleares iranianas pós-2025, altura em que as metas definidas pelo acordo de Viena estarão já alcançadas.
O líder gaulês revelou ter transmitido precisamente esta ideia em encontros que manteve na segunda-feira com Trump e com o presidente iraniano, Hassan Rouhani. Por sua vez, o moderado recentemente reconduzido como presidente do Irão avisou ontem Trump que a América pagará um "preço alto" se decidir rasgar o compromisso sobre o nuclear iraniano.
Macron também voltou ao tema relacionado com a saída dos Estados Unidos, neste Verão, do Acordo de Paris sobre as Alterações Climáticas, mantendo que a "porta continuará sempre aberta" para uma reentrada de Washington e rejeitando quaisquer alterações ao compromisso base.
Esta foi um claro aviso para Donald Trump, isto depois de nos últimos dias vários membros da administração americana, incluindo o chefe da diplomacia, Rex Tillerson, terem sinalizado que os Estados Unidos poderiam reintegrar os compromissos de Paris mediante algumas alterações ao acordo, assinado na capital gaulesa em 2015, para a limitação de gases com efeitos de estudo.
A Coreia do Norte e a crise que se vive na península coreana também não passaram al lado da estreia de Macron no plenário da ONU. Já depois de Trump ter voltado a aludir a um cenário de recurso à força para dissuadir Pyongyang das suas ambições nucleares, com o presidente americano a ameaçar mesmo "destruir totalmente a Coreia do Norte", Macron defendeu como solução a via diplomática e das sanções.
Nesse sentido e na linha do que vem sendo também pedido pelo próprio presidente dos EUA, Macron instou a China – principal aliado diplomático e parceiro económico da Coreia do Norte – e a Rússia a fazerem mais no sentido de contribuírem para uma solução pacífica que evite um conflito de grande escala na península coreana.