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Rússia suspendeu acordo com EUA que prevê destruição de plutónio

Num decreto assinado por Putin, a Rússia decidiu suspender o acordo com os Estados Unidos para a eliminação dos níveis excedentes de plutónio utilizado em armas nucleares, justificando esta decisão com as "acções hostis" da parte de Washington.

Vladimir Putin: É um aliado de conveniência da Europa contra o autoproclamado Estado Islâmico, mas mantém o seu apoio a Bashar al-Assad.
03 de Outubro de 2016 às 16:27
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Continuam a esfriar as relações entre a Rússia e os Estados Unidos. Através de um decreto assinado pelo próprio presidente russo, Vladimir Putin, em que são invocadas "acções hostis" por parte de Washington, a Rússia decidiu suspender o acordo assinado com os Estados Unidos que prevê a destruição de toneladas de plutónio potencialmente utilizável em armamento nuclear.

 

No decreto firmado por Putin e citado pela agência Reuters, Moscovo acusa Washington de estar a criar "uma ameaça à estabilidade estratégica, enquanto resultado de acções hostis" relativamente à federação russa, o que levou o Kremlin a adoptar "medidas securitárias urgentes".

 

Esta tomada de posição da Rússia configura um dos mais importantes retrocessos nas relações entre os dois países desde o fim da Guerra Fria, numa altura em que além da crise na Ucrânia também a situação na Síria continua a ensombrar o concerto entre Moscovo e Washington.

 

No âmbito de um acordo alcançado ainda em 2000, e reconfirmado em 2010, os dois países comprometiam-se em eliminar 34 toneladas de plutónio, que deveria ser queimado em reactores nucleares. Este acordo reafirmado há seis anos pelos então chefes diplomáticos da Rússia e dos Estados Unidos, Sergey Lavrov e Hillary Clinton, respectivamente, permitia prosseguir o plano de desarmamento nuclear dos dois contendentes da Guerra Fria.  

 

No entanto, já em Abril do presente ano, Vladimir Putin acusou os Estados Unidos de não estarem a cumprir a sua parte neste plano de desnuclearização militar. Depois de ambos os países se terem comprometido a construir instalações específicas para a eliminação dos níveis excedentários de plutónio utilizável em armas nucleares, Moscovo acusou Washington de ter criado um método que permitirá reprocessar o plutónio de forma a tornar o mesmo reutilizável em armamento nuclear.

 

"Nós cumprimos as nossas obrigações, construímos o empreendimento. Mas o nosso parceiro americano não", atirou Putin citado pela BBC. Já os Estados Unidos rejeitam a acusação, afiançando que o método de destruição encontrado por Washington não viola o acordo bilateral.

 

Este passo dado pelo Kremlin é dificilmente dissociável da situação que se vive na Síria, em especial na cidade de Alepo, no noroeste do país, onde as forças russas apoiam o exército do presidente sírio, Bashar al-Assad, no combate às forças da oposição. Ao invés de cingir a sua actuação no combate ao Estado Islâmico (EI) e a outras forças terroristas com presença no país, Moscovo tem aproveitado a intervenção militar na Síria para apoiar o regime do aliado russo Assad.

 

Numa recente reunião do Conselho de Segurança, a Rússia foi acusada de estar a bombardear indiscriminadamente civis, uma actuação que chegou a ser classificada enquanto "crime de guerra". O clima de não enfrentamento com a Rússia, que se seguiu ao fim da Guerra Fria, foi colocado em causa em 2014, na sequência da anexação unilateral da região da Crimeia por parte da Rússia, uma acção agravada pela alegada posterior intervenção russa na guerra civil que persiste no leste da Ucrânia (Donbass).

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