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Estará a Rússia a preparar-se para a terceira guerra mundial?

Alguns media parecem querer convencer os russos de que sim. Mas, perante a comunidade internacional, Valdimir Putin garante que não.

29 de Outubro de 2016 às 14:30
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Quatro dias de operações de simulacro de ataques nucleares que terão envolvido 40 milhões de pessoas em toda a Rússia; navios que transportam mísseis cruzeiro de longo alcance deslocados para o Báltico; frota russa reforçada na costa síria; tensão máxima com a UE e com os Estados Unidos, que ponderam novas sanções enquanto acusam Moscovo de boicotar a aliança contra o Daesh, de atacar civis na Síria e de interferir directamente nas suas políticas internas – na campanha pelo Brexit, no financiamento de partidos anti-europeus, e agora na campanha presidencial norte-americana para favorecer Donald Trump. 

Estará o mundo à beira de um conflito aberto entre os dois velhos blocos?

A acreditar nalguma imprensa russa, sim. Na semana passada, a menos de 48 horas das negociações sobre o cessar-fogo na Síria e em plena crise diplomática entre Paris e Moscovo, que levou ao cancelamento da deslocação prevista de Vladimir Putin a Paris, a agência France Presse referia que o apresentador do Rússia 24 – o principal canal de televisão de notícias do país – afirmara que as baterias antiaéreas russas na Síria vão "abater" aviões de guerra norte-americanos e que as autoridades russas estão a preparar abrigos antinucleares em Moscovo. "A terceira guerra mundial já começou" por causa do conflito na Síria, noticiava a maior emissora russa.


Ainda de acordo com a France Presse, as referências sobre uma "iminente terceira guerra mundial", à mistura com muita "febre patriótica", passaram a ser também regulares nos noticiários das rádios.
E o ex-presidente soviético Mikhail Gorbatchev – que iniciou há 30 anos o fim da Guerra Fria – disse à agência Ria Novosti que o mundo avança "perigosamente para a zona de alerta vermelho" referindo-se ao conflito na Síria.
 
Já nesta semana, o Wall Street Journal divulgou o vídeo de uma reportagem transmitida nas tv russas que dava conta da preparação de abrigos antinucleares em Moscovo e de uma mega-operação de simulacro de ataques nucleares que alegadamente terá envolvido 40 milhões de pessoas em todo país.

Essa divulgação coincidiu com a reunião dos ministros da Defesa da NATO que anunciaram na terça-feira, 25 de Outubro, que darão seguimento às decisões tomadas na cimeira de Varsóvia, em Julho, que prevêem o envio de até quatro mil militares, em quatro batalhões, para a Lituânia, Estónia, Letónia e Polónia.  "Não é para provocar o conflito, mas para evitar o conflito", afirmou o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, acrescentando que a Aliança, preocupada em particular com a intervenção de Moscovo no conflito ucraniano e o apoio russo aos separatistas no leste daquele país, "continua a querer um diálogo construtivo com Rússia". 

Dias antes, em 20 de Outubro, os líderes da UE concluíram que as mais variadas "actividades russas", desde "as violações de espaço aéreo, as campanhas de desinformação", passando por "ciberataques e interferências nos processos políticos na UE e não só", além de "desenvolvimentos na investigação do (queda do voo da Malaysia Airlines) MH16" são exemplos que "tornam claro que a estratégia da Rússia é enfraquecer a UE", resumiu Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu.

Falando perante especialistas e antigos dirigentes estrangeiros convidados pelo club Valdaï, em Sotchi, no sul do país, Vladimir Putin deixou claro na quinta-feira, 27 de Outubro, que "há agora diferenças mais fortes do que a ideologia" a separar Moscovo do "mundo ocidental". Numa referência implícita ao alargamento da NATO até aos limites da fronteira russa, Putin disse que o mundo está desequilibrado, que é preciso uma nova ordem mundial e um sistema de segurança colectiva multipolar, e
 criticou longamente os Estados Unidos que utilizam, segundo ele, as questões internacionais para servir os seus interesses, acenando com o perigo "estúpido" de uma "pseudo-ameaça russa".

Não obstante, garantiu não ter planos para alargar a intervenção militar russa, designadamente ao Iraque e à Líbia. E classificou de "histeria" as acusações de que a Rússia está a tentar influenciar as eleições nos Estados Unidos favorecendo o candidato republicano, Donald Trump, em detrimento de Hillary Clinton.

"Entre os problemas míticos, imaginários, encontramos a histeria, não posso dizê-lo de outra forma, que se desenvolveu nos Estados Unidos quanto à influência que a Rússia terá tido nas eleições presidenciais". 
"Será que alguém realmente pensa que a Rússia pode influenciar a escolha do povo americano? A América é uma república das bananas ou quê? A América é uma grande potência", rematou, citado pela Lusa.

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