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Rússia vai instalar mísseis na Europa para travar "expansão da NATO"

A Rússia vai instalar mísseis S-400 e Iskander no enclave de Kaliningrado, que faz fronteira com a Polónia e a Lituânia, noticia a agência noticiosa russa RIA. A informação ainda não foi confirmada por vias oficiais.

21 de Novembro de 2016 às 17:10
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O presidente russo Vladimir Putin prepara-se para colocar em permanência mísseis na Europa em resposta aos "planos de expansão" da NATO. A notícia está a ser avançada pela agência noticiosa russa RIA com base numa entrevista televisiva que será transmitida na noite desta segunda-feira, 21 de Novembro.

De acordo com a RIA, o presidente da Rússia diz-se "preocupado com as decisões tomadas pela NATO" e anuncia, nessa entrevista, que vai instalar o seu sistema de defesa contra mísseis aéreos S-400 e o míssil balístico Iskander na região russa de Kaliningrado, um enclave no coração da Europa de Leste que faz fronteira com a Polónia e a Lituânia.

 
Esta informação foi secundada por Viktor Ozerov, presidente da comissão de Defesa na câmara alta do parlamento russo. Ozerov diz tratar-se de uma resposta de Moscovo aos planos dos Estados Unidos de instalarem um escudo anti-mísseis na Europa. "Como resposta a tais ameaças, teremos de mobilizar forças adicionais. Esse reforço inclui a implantação dos sistemas S-400 e Iskander em Kaliningrado", disse a Ozerov à agência RIA. Contactado pela Reuters, o Ministério da Defesa não respondeu ao pedido para comentar as declarações de Ozerov.
 
"Tudo o que a Aliança faz é defensivo, proporcional e totalmente de acordo com nossos compromissos internacionais", tem sido a resposta de Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO. "Antes das acções agressivas da Rússia na Ucrânia, a NATO não tinha planos para enviar tropas para a parte oriental de nossa aliança. O objectivo da NATO é evitar um conflito, não provocar um conflito", disse ainda na semana passada.

Os países bálticos (Estónia, Letónia e Lituânia), vizinhos da Rússia, ex-membros da União Soviética que integram desde 2004 a NATO e a União Europeia, têm acusado com regularidade Moscovo de violações do seu espaço aéreo. No rescaldo da escalada de tensão, a NATO decidiu deslocar quatro batalhões multinacionais, cada um integrado por mil homens, para a Polónia e os países bálticos. Serão comandados por Estados Unidos, Canadá, Alemanha e Reino Unido.

Esta decisão insere-se num quadro mais geral do reforço da Aliança no seu flanco leste, uma decisão justificada pela anexação russa da Crimeia e pelo apoio de Moscovo a separatistas e simpatizantes russos em vários países da sua antiga esfera de influência, em particular na Ucrânia. Em paralelo, refere a Lusa, Washington deslocou recentemente para a Roménia e Polónia peças destinadas ao seu escudo anti-míssil, que a Rússia considera estar dirigido contra a sua capacidade de dissuasão nuclear.

Moscovo, por seu turno, acusa a NATO de se focar numa ameaça "que não existe". No final de Junho,Putin acusou a Aliança Atlântica de pretender envolver o seu país numa "frenética" corrida aos armamentos e de romper o "equilíbrio militar" em vigor desde a queda da União Soviética. Na sequência da dissolução do Pacto de Varsóvia em Julho de 1991, a NATO comprometeu-se em não estabelecer bases militares permanentes na antiga esfera de influência soviética na Europa de leste.

Escreve a Reuters que, após a eleição como presidente dos EUA de Donald Trump, alguns analistas prevêem que Moscovo se sinta autorizada a ter uma postura mais assertiva na Europa Oriental. Durante a campanha, Trump questionou a relevância da NATO, e Putin poderá agora querer perceber se Washington retirará apoio à estratégia da Aliança de reforçar meios nas fronteiras leste da Europa com a Rússia, algo que o Kremlin encara como uma ameaça directa. 

O presidente russo falou neste domingo com Donald Trump e "o presidente eleito afirmou ao presidente Putin que espera muito ter uma relação forte e duradoura com a Rússia e o povo da Rússia", refere um comunicado do gabinete do sucessor de Barack Obama. Lembra a Lusa que também no início do seu consulado, Obama se propôs "repor" os laços com a Rússia, mas ao longo dos seus mandatos estes esfriaram até ao ponto mais baixo desde a Guerra Fria, devido aos conflitos na Ucrânia e na Síria.  

No comunicado emitido pelo Kremlin, Putin oferece "prontidão" para "estabelecer uma diálogo de parceria com a nova Administração com base na igualdade, respeito mútuo e não interferência em assuntos internos", e é referido que os dois líderes concordaram na necessidade de unir esforços "na luta contra o inimigo comum nº1" - o terrorismo e o extremismo internacional. Neste contexto, de acordo com o Kremlin, terão debatido formas de resolver o conflito sírio. 

Donald Trump prometeu inverter parte da política de Obama para o Médio Oriente, nomeadamente na cessação de apoio a grupos da oposição que combatem o presidente Bashar al-Assad. "Não temos ideia de quem é esta gente" explicou Trump em entrevista ao Wall Street Journal.

Barack Obama, por seu turno, afirmou no domingo que não está optimista quando ao futuro imediato da Síria, numa altura em que a cidade de Alepo está de novo debaixo de bombardeamentos. "Não estou optimista sobre as perspectivas a curto-prazo para a Síria", declarou em Lima, no Peru, onde decorreu a cimeira do Fórum para a Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC) que serviu de palco a um breve, e derradeiro, encontro com Vladimir Putin.

"Uma vez que a Rússia e o Irão decidiram apoiar [o Presidente sírio] Assad numa campanha aérea brutal, [...] é difícil ver uma forma de a oposição, mesmo a moderada, manter a sua posição por muito tempo", afirmou o ainda presidente dos EUA.
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