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Rússia desmente ultimato para obter controlo das fronteiras na Crimeia

O porta-voz do Ministério russo da Defesa diz ser um “total absurdo” a informação sobre o alegado ultimato russo para obter o controlo das fronteiras da península ucraniana. Em Bruxelas, os ministros dos Negócios Estrangeiros inclinam-se para ameaçar cortar laços e acordos com a Rússia. Cimeira europeia exclusivamente dedicada à situação terá lugar nesta quinta-feira.

Reuters
Negócios 03 de Março de 2014 às 18:07
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A Rússia nega que tenha dado qualquer ordem ou ultimato às tropas ucranianas da Crimeia para lhe cederem o controlo das suas fronteiras. "Isso é um total absurdo", afirmou o porta-voz do Ministério russo da Defesa russo ao diário “Vedomosti”.

 

Citado pelo Financial Times, que refere a Interfax russa, também o porta-voz para da frota russa estacionada no Mar desmente essa informação, que classifica de “nonsense" e que enquadra numa campanha destinada a fazer passar para a opinião pública a ideia de que “estamos a preparar uma acção militar contra os nossos colegas ucranianos”.

 

Em Bruxelas, onde ainda decorre o encontro entre os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, Laurent Fabius, ministro francês, afirmou que "a menos que a Rússia toma medidas concretas de acalmar a situação na Crimeia, toda uma série de contactos serão cortados". Segundo o que afirmou, a UE poderá suspender as negociações sobre a liberalização de vistos e uma série de acordos económicos. Fabius não mencionou o congelamento de bens ou de um embargo de armas.

 

Segundo avançava o “Financial Times”, "existe uma clivagem clara entre os países do Leste que defendem uma ameaça de embargo na venda de armas e os do ocidente que querem suavizar a ameaça de sanções e emitir simplesmente uma declaração condenatória”, explica o correspondente do FT em Bruxelas. O resultado mais provável é que, deste encontro, saia uma ameaça de sanções "limitadas e dirigidas" o que, na história da UE, significa normalmente o congelamento de contas bancárias de figuras gradas do regime.

 

A definição da posição da União Europeia face à Russia só deverá ter lugar nesta quinta-feira, numa cimeira extraordinária que deverá ter lugar em Bruxelas e começar às 10h30, hora de Lisboa.

 

No final do encontro entre os chefes da diplomacia europeia, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, afirmou nesta segunda-feira que os chefes de Estado e Governo da União Europeia poderão aprovar sanções à Rússia caso "não haja um desanuviamento" da situação na Ucrânia.


"Este é um conselho histórico porque estivemos a analisar uma violação flagrante do direito internacional pela Rússia, a Rússia não respeita a soberania e o território da Ucrânia", afirmou Machete, citado pela Lusa.

O ministro português referiu contudo que a União Europeia não quer ter de "quebrar a possibilidade dos contactos com a Rússia", mas advertiu que podem ser adoptadas sanções caso "não haja um desanuviamento".

Rui Machete defendeu que "não devemos ser pessimistas", mas que na cimeira de quinta-feira, os primeiros-ministros da União Europeia poderão mesmo aprovar medidas mais drásticas contra a Rússia: "Uma das hipóteses é essa, se não houver um desanuviamento. Isto é um processo dinâmico, que está a mexer-se quase de hora a hora".

A União Europeia ameaçou também questionar as suas relações com a Rússia, caso não seja registada uma "contenção da escalada" na Ucrânia.

"Na ausência de medidas para a contenção da escalada por parte da Rússia, a UE deverá decidir as consequências sobre as relações bilaterais entre a UE e a Rússia", indicaram numa declaração os ministros europeus dos Negócios Estrangeiros.

A tensão entre a Ucrânia e a Rússia agravou-se na última semana, após a queda do Presidente Viktor Ianukovich, por causa da Crimeia, península do sul do país onde se fala russo e está localizada a frota da Rússia no Mar Negro.

Nas últimas 24 horas, segundo Kiev, aterraram na Crimeia dez helicópteros russos de combate e oito aviões de transporte de tropas, sem que a Ucrânia tenha sido avisada, como estipula o tratado bilateral sobre o estatuto da frota do Mar Negro.

Moscovo elevou para 6.000 soldados a sua presença na península da Crimeia, de acordo com o Ministério da Defesa da Ucrânia.

A câmara alta do parlamento russo aprovou no sábado, por unanimidade, um pedido do presidente Vladimir Putin para autorizar "o recurso às forças armadas russas no território da Ucrânia".

 

(Notícia actualizada às 18h40)

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