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Tensão entre Moscovo e Ocidente sobe de tom
"Isto não é uma ameaça: isto é uma declaração de guerra ao meu país", disse Arseny Yatseniuk, o primeiro-ministro ucraniano na televisão. A subida de tom no discurso marcou o domingo, depois da invasão da Crimeia pela Rússia. Os EUA ameaçam Moscovo com sanções económicas e a expulsão do G8. A NATO exige a retirada das tropas.
Ao mesmo tempo que o governo interino da Ucrânia convocava os militares na reserva para responder à invasão militar da Crimeia pela Rússia, na comunidade internacional surgiram vários apelos para que Vladimir Putin recue nas suas intenções, dos EUA à União Europeia, passando pelo Reino Unido.
O Presidente norte-americano, Barack Obama, telefonou ao líder russo, alertando para o "isolamento" a que Moscovo pode ser vetado. Durante a tarde, John Kerry , o secretário de Estado americano, ameaçou a Rússia com sanções económicas, considerando a invasão do território ucraniano "um inaceitável acto de agressão". O fim dos vistos para os EUA, o isolamento comercial e a expulsão da Rússia do G8 foram algumas das medidas mencionadas por Kerry.
Antes de uma reunião de emergência de embaixadores convocada para a tarde de domingo, o secretário-geral da Nato, Anders Fogh Rasmussen, fez questão de deixar claro que a organização a que preside está ao lado da Ucrânia. E afirmou que a atitude de Moscovo "ameaça a paz e a segurança na Europa", apelando à retirada das tropas.
O presidente russo Vladimir Putin reafirmou numa conversa telefónica com Angela Merkel que a invasão da Crimeia era "apropriada" para defender a população de origem russa na Ucrânia dos "ultranacionalistas". Mas mostrou-se disponível para manter o diálogo.
No sábado, a Crimeia acordou já controlada por militares, sem identificação. No mesmo dia, Putin obteve a autorização do parlamento para uma invasão militar, que para já incidiu sobre a península transferida para a Ucrânia em 1954, ainda durante o período da União Soviética. É na Crimeia que está localizada a base naval da frota russa do Mar Negro. A maioria da população é de ascendência russa.
O que está a tornar-se num movimento separatista da região da Crimeia, alimentado e sustentado pela capacidade militar de Moscovo, é já considerado pela Reuters o acontecimento mais grave entre Moscovo e o Ocidente desde a Guerra Fria.