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Ex-Presidente Ianukovitch vai continuar “a lutar pelo futuro da Ucrânia”
Na primeira aparição pública desde que as autoridades de Kiev emitiram um mandado de captura internacional, Ianukovitch diz que a Ucrânia “foi tomada por fascistas que representam apenas uma minoria da população”. Putin garante que quer suster a escalada de violência.
Procurado pelas autoridade ucranianas, o Presidente deposto Viktor Ianukovitch tinha anunciado uma conferência de imprensa, a partir da Rússia, para esta sexta-feira, 28 de Fevereiro. A partir da cidade russa de Rostov do Don o antigo líder ucraniano disse que vai prosseguir “a luta pelo futuro da Ucrânia contra aqueles que utilizam o medo e o poder” como armas.
Depois de revelar ter sido “forçado a sair” do país “devido às ameaças” contra a sua vida e a dos seus familiares, Ianukovitch sustentou que a Ucrânia “foi tomada por fascistas que representam apenas uma minoria da população” e acusou o ocidente de “ter apoiado as forças de Maidan [manifestantes pró-Europa]” pelo que terão de “assumir responsabilidade” pelo que venha a contecer.
O ambiente que tomou conta de Kiev e se alastrou pelo país é caracterizado pelo antigo chefe de Estado pela “ausência de leis, pelo terror, pela anarquia, pelo caos e pela total falta de poder”. A sua presença em Rostov do Don foi justificada “não pelo medo” mas pela “necessidade de protecção da [sua] família”.
Sentimentos separatistas
O clima de tensão que se faz sentir na Crimeia, onde o parlamento foi tomado por manifestantes pró-russos e dois aeroportos estão sob controlo de marines russos, de acordo com o ministro do Interior Arsen Avakov, que classifica de “invasão militar e ocupação” os movimentos do Kremlin, Ianukovitch considera que “tudo o que está a acontecer na Crimeia é o resultado evidente do golpe de Estado que ocorreu em Kiev”.
“Claro que simpatizo com o que está hoje a acontecer com a formação de unidades militares de auto-defesa. Eles querem defender-se, o que é natural”, explica Ianukovitch.
As manobras militares russas têm servido, até ao momento, para testar até que ponto as autoridades ucranianas e a Europa vão manter-se sem reagir. É o mesmo procedimento que levou à invasão, em 2008, das regiões da Ossétia do Sul e da Abecázia, na Geórgia, por sinal também regiões com maioria de cidadãos descendentes russos.
Mas se Ianukovicth pediu apoio das autoridades russas para garantir a sua segurança pessoal, garante que não vai solicitar nenhuma intervenção de Moscovo na Ucrânia porque defende que o seu país “precisa de se manter unido”. “Não existe ninguém mais interessado do que eu em evitar o derramamento de sangue”, justificou.
Questionado sobre se sentia alguma vergonha pelas notícias da exacerbada opulência que rodeava o seu modo de vida, o ex-líder disse tratar-se de uma "montagem" e pediu desculpa “por não ter mantido o poder e a estabilidade no país”. Em resumo Ianukovich defende que ainda é o “legítimo Presidente da Ucrânia”.
Movimentações de Moscovo
Apesar de vários repórteres terem escrito que os militares que tomaram de assalto os aeroportos na Crimeia parecem pertencer às unidades de marines da base naval militar russa do Mar Negro, o Kremlin ainda não confirmou nem desmentiu a informação. Confirmadas, para já, apenas as manobras de testes militares executadas ao longo da fronteira russa com a Ucrânia. O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, que mantinha o silêncio quanto aos últimos desenvolvimentos terá garantido, esta tarde, aos líderes da Alemanha e do Reino Unido que já teria dado instrucções para suster a escalada de violência na Ucrânia, escreve a agência Reuters. Ianukovitch confirmou, entretanto, que irá encontrar-se com Putin assim que se justificar.
No meio dos últimos desenvolvimentos e apesar dos pedidos e avisos da NATO e da comunidade internacional para Moscovo respeitar a “integridade territorial” da Ucrânia, o “The Guardian” escreve que o parlamento de Kiev já solicitou ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para convocar uma sessão a fim de discutir os problemas do país. Além da solicitação às Nações Unidas voltou a ser pedido ao Kremlin para interromper as acções que colocam em causa a unidade do país.