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UE convoca cimeira extraordinária e pondera “sanções limitadas” contra Moscovo

Os chefes da diplomacia europeia ainda estão a discutir em Bruxelas que dose de pressão devem pôr sobre a Rússia para a forçar a retirar as tropas da Crimeia. Pelo meio, Barroso anunciou uma cimeira europeia extraordinária que poderá ter lugar já nesta quinta-feira. Moscovo, por seu turno, acusa Washington de ter voltado a falar a língua da “guerra fria” e terá emitido um ultimato para que os guardas de fronteira da Crimeia se submetam à autoridade russa.

What Are the Repercussions to Sanctioning Russia?
03 de Março de 2014 às 15:40
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Os ministros europeus dos Negócios Estrangeiros deverão aprovar nesta segunda-feira, 3 de Março, uma declaração onde ameaçam aplicar a Moscovo sanções “limitadas e especificamente dirigidas” caso a Rússia não retire os soldados enviados na passada sexta-feira para Crimeia, região da Ucrânia de maioria russófona.

 

Os chefes da diplomacia da União Europeia continuam reunidos em Bruxelas, mas segundo avança o “Financial Times” o texto final deverá também contemplar uma ameaça de embargo de armas, embora em termos mais suaves do que os desejados pelos países do Leste da UE, essencialmente os que têm fronteiras com a Rússia, como é o caso da Polónia.

 

“Existe uma clivagem clara entre os países do Leste que defendem uma ameaça de embargo na venda de armas e os do ocidente que querem suavizar a ameaça de sanções e emitir simplesmente uma declaração condenatória”, explica o correspondente do FT em Bruxelas. O resultado mais provável é que, deste encontro, saia uma ameaça de sanções "limitadas e dirigidas" o que, na história da UE, significa normalmente o congelamento de contas bancárias de figuras gradas do regime.

 

Pelo meio, Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, anunciou nesta segunda-feira a realização de uma cimeira extraordinária para “muito em breve”. A SIC avança que será já nesta quinta-feira.

 

De visita a Kiev,  onde se encontrou com o presidente interino da Ucrânia, Olexandr Turchinov, o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, William Hague, advertiu nesta segunda-feira a Rússia para as "consequências e custos" das suas acções na Ucrânia. "Esta não pode ser a maneira de conduzir questões internacionais no século XXI". "Não é uma maneira aceitável e vai ter consequências e custos", acrescentou.

Esta não é uma maneira aceitável [de conduzir questões internacionais no século XXI] e vai ter consequências e custos
William Hague
Chefe da diplomacia do Reino Unido

 

Entretanto, Moscovo elevou o tom nos protestos contra os Estados Unidos, considerando que John Kerry voltou a falar a língua da guerra fria quando avisou o presidente Vladimir Putin que pode ver cancelada a cimeira do G8 prevista para Sochi, e que a própria Rússia "pode mesmo não continuar no seio do G8 se isto continuar".

 

“Consideramos inaceitáveis as ameaças feitas contra a Rússia pelo secretário de Estado norte-americano John Kerry”, refere uma fonte do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros. Citada pelo FT, a fonte do Ministério liderado por Serguei Lavrov acusa Kerry de não fazer um esforço para compreender a situação complexa na Ucrânia e, em particular, na Crimeia onde quase 60% dos quase dois milhões que aí vivem são de etnia russa, e de funcionar “com os clichés das Guerra Fria, ao sugerir que se castigue não os que organizaram o golpe mas a Federação Russa”.

 

Numa declaração tornada pública nesta segunda-feira, os sete outros países do G8 (Canadá, França, Alemanha, Japão, Reino Unido, Estados Unidos e Itália, juntamente com o presidente da Comissão Europeia e do Conselho Europeu) anunciam a suspensão da cooperação com a Rússia, condenando a "clara violação da soberania e da integridade territorial da Ucrânia, em violação das obrigações da Rússia nos termos da Carta das Nações Unidas e seu acordo com a Ucrânia, datado de 1997".

 

Ultimato russo para render controlo de fronteiras

 

Indiferente à pressão do Ocidente, o FT relata que Moscovo terá dado um ultimato às forças ucranianas responsáveis pelo controlo das fronteiras na Crimeia para que se submetam, até ao fim da tarde de hoje, 3 de Março, à autoridade das tropas russas. Já a Lusa, indicando uma fonte do Ministério da Defesa ucraniano citada pela agência Interfax-Ucrâni, escreve que a ordem veio da frota russa do Mar Negro mas que o ultimato para render o controlo das fronteiras termina às 05:00 de terça-feira (03:00 TMG de Lisboa). "Se até às 05:00 de amanhã (terça-feira) não se tiverem rendido, um ataque real será lançado contra as unidades e secções das Forças Armadas ucranianas em toda a Crimeia",

A tensão entre a Ucrânia e a Rússia agravou-se na última semana, após a queda do ex-presidente Viktor Ianukovich, por causa da Crimeia, península do sul do país onde está localizada a frota da Rússia do Mar Negro e que foi "doada" à Ucrânia em 1954 por Nikita Khrutchov, secretário-geral do Partido Comunista da URSS, criado na cidade ucraniana de maioria russa Donetsk, por ocasião  do 300° aniversário da unificação da Rússia e da Ucrânia. Com o colapso da União Soviética, a Crimeia tornou-se parte da recém independente Ucrânia e as tensões têm sido permanentes e crescentes.

 

A câmara alta do parlamento russo aprovou no sábado, por unanimidade, um pedido do presidente Vladimir Putin para autorizar "o recurso às forças armadas russas no território da Ucrânia" para alegadamente defender a comunidade russa da Crimeia. A decisão surgiu um dia depois da denúncia da Ucrânia de que a Rússia fez uma "invasão armada" na Crimeia. Perante a iminência de uma intervenção militar russa, o ministério da Defesa ucraniano mobilizou no domingo os militares na reserva para assegurarem a integridade do território, ordenando aos comandantes a colocação das suas unidades em estado de alerta.

 

 

(Notícia actualizada às 16h50, com mais declarações sobre o render de fronteiras)

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