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Lagarde considerada culpada por negligência

O tribunal francês considerou que a actual directora-geral do FMI foi negligente no caso ocorrido em 2008 enquanto era ministra. Contudo, não aplicou nenhuma sentença.

Reuters
Negócios 19 de Dezembro de 2016 às 14:30
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Christine Lagarde foi considerada culpada pelo caso de negligência de gestão de fundos públicos, que remonta ao seu mandato enquanto ministra das Finanças de França.

"O contexto de crise financeira global na qual Lagarde se encontrava deveria ter sido tido em conta", afirma a juíza Martine Ract Madoux, citada pela Reuters. A magistrada sublinha a boa reputação e a posição internacional da antiga ministra das Finanças como razões para não atribuir uma punição, num caso que poderia levá-la a uma sentença de até um ano de prisão e uma multa de 15 mil euros. A líder do FMI também não terá qualquer registo criminal deste veredito.

Patrick Maisonneuve, advogado de Christine Lagarde, afirma não entender a decisão do tribunal, uma vez que a sua cliente "pediu opiniões aos advogados". "Ela sempre procedeu de acordo com o interesse geral, com conhecimento dos factos", acrescenta, citado pela Bloomberg.

 

O caso prende-se com a disputa entre o empresário Bernard Tapie e o banco público francês Crédit Lyonnais pela venda da Adidas em 1993. Um diferendo que Lagarde, enquanto ministra das Finanças, viria a resolver em 2008, enviando o caso para um tribunal arbitral que decidiu o pagamento de uma indemnização estatal de 403 milhões de euros a Tapie, incluindo 45 milhões de euros para compensação de "danos morais".

O corpo de juízes, segundo Reuters, não reconheceu negligência na decisão de Lagarde em encontrar um acordo extrajudicial com Bernard Tapie, mas antes no recurso da então ministra à arbitragem, que beneficiou o empresário e lesou o Estado Francês.

 

Em 2011, um tribunal francês abriu uma investigação à actual directora-geral do FMI para apurar se Lagarde terá favorecido Tapie. Três anos mais tarde, a ex-ministra passou de testemunha a acusada do crime de negligência. Lagarde recorreu e, em Julho passado, o Supremo Tribunal francês rejeitou o recurso e forçou a directora-geral do FMI a sentar-se no banco dos réus.

 

O advogado de Lagarde afirmou à Reuters que a sua equipa se encontra a trabalhar para recorrer da decisão dos juízes. Com o arranque do julgamento na semana passada, Christine Lagarde assumiu a sua inocência, afirmando ter feito o seu trabalho, "tão bem quanto podia".

Em comunicado, o FMI afirma que a comissão executiva já havia reunido em ocasiões anteriores para examinar os acontecimentos que envolvem Lagarde e o caso judicial de França. "Prevê-se que o conselho de administração se volte a reunir em breve para analisar os acontecimentos mais recentes", afirma Gerry Rice, director de Comunicação do FMI.

Segundo o Wall Street Journal, Christine Lagarde poderá não vir a ser arredada do seu cargo na direcção do FMI. No passado mês de fevereiro, o FMI aprovou um novo mandato da diplomata francesa, mesmo tendo conhecimento do caso. O FMI tem vindo a estudar o caso desde 2011, após a abertura da investigação à directora.

  

O caso de Christine Lagarde sucede o escândalo do antigo director do FMI, Dominique Strauss Khan,
acusado em 2011 por alegado abuso sexual.


(notícia actualizada às 16:05 com mais informação)

 

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