Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Irão só assina acordo nuclear se no mesmo dia forem levantadas as sanções

Teerão asseverou que a assinatura do programa nuclear iraniano só será feita se nesse mesmo dia forem levantadas as sanções económicas aplicadas pelo ocidente que pendem sobre o país.

09 de Abril de 2015 às 14:28
  • ...

O presidente do Irão, Hassan Rouhani, avisou que o seu país só irá assinar um acordo final sobre o programa nuclear iraniano, com meta estabelecida para 30 de Junho, se as sanções económicas impostas pelo ocidente forem "levantadas imediatamente" nesse mesmo dia.

 

Numa declaração televisiva feita esta quarta-feira, 8 de Abril, à noite, Rouhani fez depender um acordo final com os países designados pela fórmula P5+1, que enquadra Alemanha, Reino Unido, França, Estados Unidos, China e Rússia, do total levantamento das sanções aplicadas pelo ocidente há mais de dez anos no seguimento dos programas de enriquecimento de urânio prosseguidos por Teerão.

 

"Não vamos assinar nenhum acordo a menos que todas as sanções sejam levantadas no mesmo dia", começou por assegurar Rouhani citado pela agência Reuters. "Queremos um acordo ‘win-win’ para todas as partes envolvidas nas negociações sobre o [programa] nuclear".

 

Primeiro, o acordo preliminar foi assinado na semana passada já depois da data estabelecida inicialmente devido à suposta inflexibilidade de Teerão para aceitar algumas das exigências, entre as quais a que obrigava ao armazenamento do seu stock de urânio num país terceiro, no caso a Rússia, um tradicional aliado iraniano. Agora as diferenças poderão residir em interpretações díspares de Teerão e Washington no que concerne ao ritmo e abrangência das sanções a serem levantadas.

 

Na segunda-feira, os Estados Unidos garantiram que as sanções que têm implicado graves restrições económicas ao Irão teriam de ser retiradas de forma gradual e faseada, de acordo com o pressuposto cumprimento daquilo que vier a ser determinado pelo acordo total agendado para o final de Junho.

 

A Reuters refere que as sanções norte-americanas e da União Europeia aplicadas a Teerão paralisaram as exportações de petróleo iranianas em cerca de 1,5 milhões de barris por dia desde 2012.

 

"O maior ganho que retirámos das negociações foi o facto de o presidente Barack Obama ter percebido que os iranianos não se vão render a sanções e ameaças", comentou Rouhani.

 

Por outro lado, a Al Jazeera escreve que o líder religioso supremo do Irão, Ali Khamenei, na sua página pessoal de internet, não mostrou entusiasmo face ao acordo ao afirmar não ser "nem a favor nem contra" o mesmo. A posição iraniana parece agora ser de expectativa perante aquilo que a comunidade internacional estiver disposta a aceitar.

 

Já na manhã desta quinta-feira, 9 de Abril, Khamenei foi mais longe ao afirmar que "levantar as sanções de forma faseada é inaceitável". Nesse sentido, e seguindo a mesma argumentação apresentada por Rouhani, o líder religioso supremo do Irão, citado pelo El País, garante que as sanções devem ser retiradas no mesmo dia em que se assine um acordo total lembrando, porém, que o acordo de princípio alcançado na semana passada "não é vinculativo".

 

A concretização de um acordo final entre o P5+1 e o Irão garantiria a Teerão o acesso a contas bancárias congeladas no exterior, aos mercados internacionais de petróleo e de dívida em troca da desistência da prossecução de tecnologia tendo em vista a construção de armamento nuclear.

 

Rouhani pede o fim da intervenção militar no Iémen

 

Outro tema a marcar a agenda no Médio Oriente, e que envolve o Irão passa pelo clima de guerra civil que grassa no Iémen, onde decorre uma intervenção militar aérea de dez países e que é liderada pela sunita Arábia Saudita. Há mesmo notícias que dão conta de Riade poder mesmo avançar com o envio de homens para o terreno de forma a neutralizar os avanços alcançados nas últimas semanas pelas milícias xiitas houthis, apoiadas pelo Irão.

 

"Uma grande nação como o Iémen não se irá submeter a bombardeamentos. Vamos pensar em terminar a guerra e em como chegar a um cessar-fogo", pediu Rouhani segundo citação da Al Jazeera. O presidente iraniano pretende uma solução política para a crise iemenita, cujo território se transformou em novo palco de disputa entre o Irão e a Arábia Saudita.

 

Já Khamenei prefere condenar a intervenção liderada pelos sauditas que classifica "de crime e genocídio que deve ser julgado pela justiça internacional".

Ver comentários
Saber mais Irão Hassan Rouhani P5+1 Nuclear Sanções Arábia Saudita Barack Obama União Europeia
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio