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Excesso de peso do sector financeiro atrasa crescimento e aumenta desigualdades

A conclusão é da OCDE, cujo relatório indica que um sector financeiro sobre-dimensionado prejudica o crescimento económico e acentua as desigualdades sociais.

17 de Junho de 2015 às 18:21
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"O sector financeiro é bom para o crescimento económico, mas, tal como o chocolate, às vezes pode ser demais", explica a economista-chefe da organização, Catherine Mann, em entrevista à Bloomberg.

Após a análise de dados referentes aos últimos 50 anos, economistas da OCDE concluíram que a presença de um sector financeiro muito forte e amplamente desenvolvido pode não só desacelerar o crescimento de uma economia, como acentuar as desigualdades sociais, uma vez que o acesso ao crédito não é uniforme e os profissionais do sector financeiro são remunerados acima da média dos restantes sectores da economia.

Um dos pontos abordados no relatório divulgado esta quarta-feira, 17 de Junho, em Londres, é o facto de o sector bancário emprestar em demasia, sustentado pela rede de segurança que os Estados oferecem em casos de emergência.

"Nos últimos 50 anos, os créditos concedidos pelos bancos e outros intermediários às famílias e empresas cresceu três vezes mais rápido do que a actividade económica. Na maioria dos países da OCDE, uma maior expansão pode desacelerar em vez de potenciar o crescimento económico", explica o relatório, em nota citada pela Reuters.

Em particular, é concedido crédito em excesso às famílias em vez de se apostar em empresas que contribuam para o crescimento da economia, explica o The Guardian. Ao mesmo tempo, as empresas financiam-se emitindo dívida em vez de venderem acções, o que conduz a investimentos de risco.

Juntos, estes factores contribuem para uma errada alocação do capital, que prejudica o crescimento da economia, sustenta a OCDE.

No que diz respeito à desigualdade social, o relatório explica que o crédito abundante beneficia mais os ricos do que os pobres, que não têm um acesso facilitado a estes mecanismos de financiamento.

Para o aumento do fosso entre os extractos sociais, contribui também o facto de os profissionais do sector financeiro serem altamente remunerados. Mesmo o profissional com uma remuneração mais baixa no sector recebe, em média, mais 15% do que alguém com a mesma função nos restantes sectores da economia, refere o The Guardian, citando as conclusões da OCDE. Isto contribui também para que a mão-de-obra altamente qualificada se concentre no sector financeiro, em vez de apostar noutras áreas da economia.

"Reformas que tornem o sector financeiro mais estável podem potenciar o crescimento a longo prazo e diminuir desigualdades", pode ler-se neste relatório, que aponta alguns caminhos, entre eles, limitar a concessão de crédito às famílias, tomar mais medidas relativamente ao "apoio implícito dos governos aos bancos ‘demasiado grandes’ para cair" e aumentar a supervisão bancária.

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