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Difícil cimeira do G7 começa com Trump a dizer que alemães são "muito maus"

Já se antecipava que a cimeira do G7 que decorre na Sicília fosse atribulada, com temas como imigração, alterações climáticas e terrorismo na agenda. Mas a declaração em que Trump diz a Tusk e Juncker que os alemães são "maus, muito maus", adensou a nebulosa sobre o primeiro encontro das economias mais ricas do mundo com a participação do actual presidente americano.

26 de Maio de 2017 às 14:20
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"Sabemos que não será uma discussão simples", afirmou o primeiro-ministro italiano, Paolo Gentiloni, antecipando a cimeira do G7 que tem lugar esta sexta-feira e sábado na ilha italiana da Sicília, mais precisamente em Taormina.

 

As palavras de Gentiloni não esconderam a preocupação do chefe do governo italiano em relação às conclusões do encontro dos líderes das sete economias mais poderosas do mundo. Também Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, mostrou apreensão ao afirmar que "não há dúvidas de que esta cimeira será a mais exigente do G7 dos últimos anos".

 

Num briefing de abertura do encontro de hoje na Sicília, Donald Tusk recordou que entre os diferentes líderes presentes há "posições muito diferentes em temas como o clima e o comércio". Apesar de o polaco não ter nomeado ninguém, é difícil não pensar em Donald Trump que chega a Taormina para participar pela primeira vez numa cimeira do G7.

 

É que, primeiro como candidato presidencial, e entretanto já como presidente dos Estados Unidos, Trump tem proferido inúmeras declarações contra o multilateralismo económico e as políticas adoptadas para combater as alterações climáticas. A mais recente foi feita esta quinta-feira em Bruxelas, com o presidente a dizer a Tusk e a Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, que os alemães "são maus, muito maus".

 

De acordo com a revista alemã Der Spiegel, no âmbito da visita de Trump a Bruxelas, o presidente americano classificou como "terrível" os "milhões de carros" que a Alemanha exporta para os Estados Unidos. Trump assegurou aos responsáveis europeus que "nós vamos parar com isso", adensando a nebulosa que já pairava sobre o encontro que nesta altura já decorre na ilha italiana.

 

E apesar de à chegada à Sicília Juncker ter assegurado que Trump não fez as declarações reportadas pela imprensa germânica, recusando ainda qualquer tom agressivo do presidente dos EUA, Gary Cohn, director do Conselho Económico Nacional e conselheiro do presidente americano para a área económica, admitiu, citado pela Bloomberg, as declarações.

"Ele [Trump] disse que ‘eles são muito maus sobre o comércio’, mas ele não tem qualquer problema com a Alemanha", disse Gary Cohn recordando que o pai do presidente americano "era natural da Alemanha". Ele disse que "não tenho problemas com a Alemanha, tenho um problema com as trocas comerciais com a Alemanha".

 

Temas complexos em cima da mesa


Depois de Riade, Jerusalém, Vaticano e Bruxelas, a Sicília é o último ponto de paragem no primeiro périplo internacional de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. E porventura será no encontro com os líderes do G7 que Trump terá mais dificuldades para fazer valer as suas posições, até porque foram constituídas várias frentes com o objectivo de demover o presidente americano relativamente a muitas das políticas por si prometidas.

 

O cumprimento do Acordo de Paris sobre as alterações climáticas, que Donald Trump chegou a considerar um "embuste" criado pela China, será um dos principais pontos de fricção com os restantes líderes. O Financial Times noticiou ontem que o agora reforçado eixo franco-alemão pela chegada ao poder de Emmanuel Macron irá pressionar Trump a aceitar as medidas decorrentes do Acordo de Paris, isto depois de o presidente dos EUA ter revertido boa parte das políticas ambientais adoptadas pela administração Obama.

 

A imprensa italiana escreve que Gentiloni vai pressionar Trump no sentido de aceitar partilhar o pesado fardo suportado por Itália no acolhimento de refugiados e processamento de requisições de asilo. Nesta altura Trump enfrenta dificuldades para levar em frente a suspensão da entrada de cidadãos de países de maioria muçulmana em solo americano, uma ordem executiva que também contempla uma redução drástica no acolhimento de refugiados pelos EUA.

 

A globalização também será uma questão em pano de fundo na cimeira de hoje, nem que seja pelas declarações feitas por Trump em relação ao défice comercial que os Estados Unidos mantêm nas relações co a Alemanha – em 2016 o défice comercial foi de 60 mil milhões de euros.

 

Mas as diversas críticas feitas por Trump em relação ao papel de Berlim na União Europeia, que garante ser para benefício próprio, ou da China nas trocas comerciais mundiais, acusando Pequim de ser um manipulador cambial, mostram que também o status quo da globalização será um tema quente.

Espera-se ainda que o conflito latente com a Coreia do Norte, numa cimeira que conta também com a participação do Japão, seja abordado. Para já, Trump conversou à margem da cimeira com o presidente nipónico, Shinzo Abe, tendo considerado que Pyongyang "é um grande problema" que "será resolvido em algum momento".

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