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Bruxelas quer "limpar" indústria europeia para combater concorrência asiática "feroz"

Em cima da mesa estão 100 mil milhões de euros, para ajudar a indústria europeia a ser mais ecológica. A Comissão Europeia anunciou também a criação de um Banco Industrial da Descarbonização, com mais 100 mil milhões de euros em financiamento.

05 de Março de 2025 às 14:00
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A Comissão Europeia juntou o Green Deal, de 2020, à declaração de Antuérpia para um European Industrial Deal, de fevereiro de 2024, e acaba de lançar, em 2025, o Clean Industrial Deal. O objetivo deste novo e "ambicioso" Pacto para uma Indústria Limpa passa pela "reindustrialização verde" dos 27. Bruxelas quer uma indústria transformadora descarbonizada, mas também resiliente para o futuro e competitiva face ao resto do mundo.

"Perante os elevados custos energéticos e uma concorrência mundial feroz, e muitas vezes desleal, as nossas indústrias necessitam urgentemente de apoio. Este pacto posiciona a descarbonização como um poderoso motor do crescimento das indústrias europeias", explicou a Comissão no lançamento do plano de acção, que incluiu cerca de 40 medidas, a começar pela simplificação das regras e redução da burocracia.

Em cima da mesa estão 100 mil milhões de euros, para ajudar a indústria europeia a ser mais ecológica, a que se podem ainda somar mais mil milhões de euros em apoios estatais, ao abrigo do Quadro Financeiro Plurianual. A Comissão Europeia anunciou ainda a criação de um Banco Industrial da Descarbonização, com mais 100 mil milhões de euros em financiamento do Fundo de Inovação, receitas do Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE) e InvestEU.

O "pacote" inclui também um acordo entre o Banco Europeu de Investimento e Bruxelas para o lançamento de novos instrumentos de financiamento, incluindo um "programa piloto" para contratos de aquisição de energia celebrados por PME e indústrias eletrointensivas.

"Sabemos que as empresas europeias continuam a ter de enfrentar obstáculos, desde preços de energia elevados até encargos regulamentares excessivos", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na apresentação do plano, que para já se centra na indústria eletrointensiva e no sector das tecnologias "limpas".

Já no próxima quinta-feira, dia 5 de março, a Comissão apresentará também um plano de ação para a indústria automóvel, seguido de um plano para o aço e outros metais, na primavera. Estão previstas ainda outras ações direcionadas para a indústria química. O executivo de Ursula von der Leyen quer ainda criar um Centro de Matérias-Primas Críticas da UE para que as empresas se possam unir e fazer compras conjuntas. 

"A Europa está a acelerar a sua descarbonização e a sua reindustrialização. O Pacto para a Indústria Limpa inclui medidas que vão da promoção do "made in Europe" ao apoio financeiro às cadeias de abastecimento industrial", disse Stéphane Séjourné, vice-presidente executivo da Comissão Europeia, responsável pela Prosperidade e Estratégia Industrial.

Em paralelo com o novo pacto industrial verde, a UE lançou também um Plano de Ação para a Energia Acessível, para baixar a fatura energética das indústrias e das famílias, sugerindo impostos mínimos ou zero "sempre que legalmente possível".

Bruxelas quer concluir a União da Energia (com mais interconexões entre países e um verdadeiro mercado interno para fazer face a novas crises energéticas), promover contratos de venda de energia (PPA), atrair investimentos estrangeiros e poupar aos consumidores 45 mil milhões de euros já em 2025, com potencial para aumentar a poupança para 130 mil milhões em 2030 e 260 mil milhões em 2040. Para isso, há que tributar menos a electricidade, eliminar componentes de custos não energéticos das faturas e promover a eficiência energética, o que pode dar poupanças extra até 162 mil milhões por ano em 2030.

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