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Trump, o Presidente que não acredita no aquecimento global

Donald Trump chega ao poder na mesma altura em que, em Marraquexe, decorre a Conferência das Nações Unidas sobre as alterações climáticas. O novo Presidente americano não está preocupado com o assunto e até já avisou que pretende revogar o acordo.

Andrew Harrer/Bloomberg
09 de Novembro de 2016 às 17:14
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Em 2012, Donald Trump escreveu no seu Twiter que o aquecimento global não passa de "um mito", um conceito inventado pelos chineses para prejudicar a competitividade da indústria norte-americana. Nessa altura ninguém imaginava que o magnata estrela de televisão fosse candidatar-se à Casa Branca, mas durante a campanha os ecologistas desenterraram as suas declarações. Nada que abalasse o agora eleito Presidente dos EUA, que não acredita nessas coisas e que diz que o aquecimento global não passa de um fenómeno natural. E, assim sendo, pouco sentido terão os pactos entre os países para lutar contra ele, como o histórico Acordo de Paris, assinado no ano passado por 195 estados e que entrou em vigor na passada sexta-feira, 4 de Novembro, nos 103 que já o ratificaram.

Um desses países foi, precisamente, os Estados Unidos, mas Donald Trump já avisou que não pretendia dar continuidade à agenda ambiental de Obama. Pelo contrário. O Acordo de Paris, do qual não é "grande fã", é para "cancelar". Trump chega à Casa Branca na mesma altura em que, em Marraquexe, Marrocos, decorre a 22ª Conferência da ONU sobre as alterações climáticas (COP 22). Em cima da mesa está a execução deste acordo contra as alterações climáticas e a sombra do novo Presidente norte-americano paira sobre o encontro. Esta quarta-feira, Ségolène Royal, a ministra francesa do Ambiente, afirmou que Trump "não pode, contrariamente ao que disse, renunciar ao Acordo de Paris". Afinal, salientou, este determina que "durante três anos não o podemos abandonar". Resta saber que coelho tirará o novo Presidente americano da cartola para contornar essa regra.

O Acordo de Paris, recorde-se, substituirá o Protocolo de Quioto em 2020 e tem como objectivo manter o aumento da temperatura média mundial "muito abaixo de 2°C", apontando mesmo para os 1,5 graus face aos níveis pré-industriais. Obama teve um papel importante na mobilização dos estados para a assinatura do Acordo e em Setembro último os EUA e a China, simbolicamente, entregaram na ONU as ratificações dos respectivos países que, em conjunto, representam cerca de 38% das emissões globais.

Nos EUA, Obama ratificou o acordo usando os seus poderes executivos e sem esperar pela votação no Senado. O seu argumento foi o que que não estava em causa um tratado, mas sim um "acordo executivo". Agora, Trump está decidido a pôr um travão a todo o processo. Durante a campanha, numa entrevista à Reuters declarou que "no mínimo" irá "renegociar os compromissos". Isso "no mínimo. No máximo posso fazer outra coisa", afirmou. Em 2001 George W. Bush recusou-se a ratificar o Protocolo de Quioto, mas nessa altura não se tinha conseguido, nem de longe, a mobilização que hoje existe à escala planetária contra o aquecimento global.  

Da política energética do novo residente da Casa Branca consta também a viabilização da construção de um oleoduto entre os EUA e o Canada, rejeitado pelo Governo Obama precisamente devido ao seu impacto ambiental – a ideia é que atravesse todo o país, ligando os poços petrolíferos do Canadá às refinarias do Golfo do México. Outro objectivo do republicano é a revitalização da exploração de carvão no país, travada pela legislação ambiental que, diz Trump, conduziu à falência muitas das empresas do sector.

O novo Presidente quer assegurar a independência energética do País face ao exterior e, muito embora aposte mais no gás natural, não descarta a generalização da utilização da energia nuclear. 

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