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Tchau Dilma, oi Temer - por quanto tempo?

Numa derradeira tentativa de travar o processo, a defesa de Dilma apelou ao Supremo. Mas o expediente dificilmente evitará o afastamento (quase) certo da presidente. É tempo de olhar para Temer.

Reuters
11 de Maio de 2016 às 00:01
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Depois da pirueta de 360 graus de Waldir Maranhão, o incauto presidente interino da Câmara dos Deputados que, em menos de doze horas, rasgou a sua própria e solitária decisão de anular o pedido de "impeachment", o plenário do Senado começa nesta quarta-feira a votar, como previsto, a "admissibilidade" das denúncias que pesam contra Dilma Rousseff.

Excluindo a eventualidade de mais uma reviravolta inesperada – e a vida política brasileira tem sido fértil de episódios de suspense, tendo ontem mesmo a defesa da presidente enviado um pedido de anulação do processo ao Supremo Tribunal Federal (STF) -  o cenário mais provável é que, o mais tardar amanhã, a votação estará concluída e resultará no afastamento automático da presidente por 180 dias. Para que isso aconteça é preciso que apenas uma maioria simples dos 81 senadores concorde na existência de indícios suficientes para a presidente ser julgada por "crimes de responsabilidade fiscal". A decisão final – que cabe ao mesmo Senado, mais por uma maioria de dois terços, num processo jurídico-político que será conduzido pelo presidente do Supremo – terá de ser anunciada durante esse período, ou seja, até ao fim do ano.

A delfina de Lula da Silva é acusada de ter ocultado empréstimos de bancos públicos e realizado despesa sem autorização do Congresso, em violação da Constituição, para mascarar a real situação financeira do país e ampliar as chances de ser reeleita. Se for condenada, perde definitivamente o segundo mandato eleitoral conquistado no Outono de 2014 e ficará inelegível por oito anos. 

Quanto aguenta Temer?

Neste meio tempo - que pode oscilar entre seis meses e dois anos, em caso de condenação definitiva de Dilma -  Michel Temer será o novo presidente do Brasil. A carreira de presidente do actual "vice" pode, no entanto, revelar-se ainda mais curta do que o previsto. Temer pode, entretanto,  vir a ser atingido pelas mesmas razões que estão por detrás do "impeachment" de Dilma (porque assinou decretos alegadamente ilegais durante ausências da presidente), pela investigação da Lava Jato (embora o Ministério Público não tenha pedido a sua investigação, ao contrário da de Dilma e Lula), sendo que o Supremo Tribunal Eleitoral está, por seu turno,  a investigar indícios de financiamento ilegal da campanha eleitoral de 2014, na qual concorreu coligado com Dilma, correndo (ambos) o risco de ver o seu mandato   anulado e serem marcadas eleições antecipadas.

Mas há muitos outros riscos à espreita, desde logo na rua, sedenta de resultados no combate à corrupção, agitada por mais de 10 milhões de desempregados e sem qualquer devoção ao líder do PMDB, o partido onde mais prosperam suspeitas da justiça. Perante os juros altíssimos reclamados por quem se dispõe a financiar o Estado brasileiro (14% é a taxa  praticada no mercado secundário) e  a profunda degradação das finanças públicas (o défice estará em 10%, a dívida em  80% do PIB  e os bancos públicos estão sem capital), Temer terá de tomar medidas impopulares. E pode perder a rua sem sequer ganhar o Congresso: é que as suas medidas só passarão se garantir uma muito difícil maioria entre representantes de 25 partidos.

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