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Aécio Neves: Temer "terá uma grande chance mas não pode errar"

O PSDB, o maior partido da oposição, não integrará, à partida, o novo governo, mas o seu líder diz-se disponível para apoiar reformas "estruturantes". Diz ainda que Temer tem de governar com o horizonte em 2018, e não para seis meses.  

Bloomberg
Eva Gaspar egaspar@negocios.pt 12 de Maio de 2016 às 14:02

Aécio Neves, líder do PSDB, o maior partido até há pouco na oposição a Dilma Rousseff, garantiu nesta quinta-feira, 12 de Maio, estar disponível para apoiar o governo de Michel Temer que sobe agora à presidência do Brasil enquanto o Senado procede ao julgamento da presidente por crimes de responsabilidade fiscal.

 

Falando após ter sido conhecida a votação no Senado que, por uma maioria muito mais ampla do que a exigida nesta fase (55 votos quando eram necessários 42) ditou o afastamento temporário de Dilma, Aécio disse que Temer terá de rapidamente mostrar aos brasileiros que vai fazer um governo "enxuto", desde logo com menos ministros do que os 33 de Dilma, e que deve "já hoje, no máximo amanhã, apresentar ao Congresso Nacional um conjunto de propostas que sinalize de forma clara para o início de uma nova fase na história do Brasil". "Ele [Temer] terá uma grande chance, mas não pode errar", advertiu, citado pela imprensa brasileira.

 

À partida, o PSDB não integrará o novo governo, embora se especule sobre a possibilidade de José Serra regressar ao Ministério da Saúde. Segundo Aécio, o partido vai apoiar Temer em torno de uma agenda que já apresentou ao vice-presidente. "Eu tenho dito ao vice-presidente que a contribuição que o PSDB vier a dar [ao seu governo] é a de ajudá-lo a aprovar reformas estruturantes como as reformas trabalhista, tributária e do Estado", disse.

 

Aécio Neves disse, ainda, acreditar que o resultado da votação no Senado e na Câmara dos Deputados, em que mais de dois terços dos parlamentares votaram contra Dilma, deixa Temer confortável para iniciar o governo interino, mas que "ele não pode, agora nessa interinidade, assistir o desenrolar desse processo, mas [deve] se portar como presidente que vai cumprir até o final de 2018 esse mandato", disse.

 
Numa curta entrevista ao Negócios por ocasião da sua passagem em Abril por Lisboa para participar no IV Seminário luso-brasileiro de Direito, Aécio disse que o partido fundado por Fernando Henrique Cardoso "não pode voltar as costas ao Brasil". "Quero que o partido ajude a construir uma agenda política, de cinco ou seis pontos, mas deve ser o agora vice-presidente Temer a liderar esse processo com um Governo de notáveis, acima da lógica dos partidos", afirmara em Abril numa  "Se o Temer assumir essa ‘agenda de emergência’ terá o nosso apoio; caso contrário, não".

E que agenda será essa? Reforma fiscal, da segurança social, da administração pública e reforma do sistema político, enumera, dizendo ser urgente dar passos nestes domínios para "resgatar minimamente a credibilidade e a confiança no país", disse. "É preciso  começar a aplainar o caminho para que, a partir de 2018 possamos discutir a mudança de Governo que o PSDB defende."


Entre as suas prioridades está a reforma do sistema político que gostaria de submeter a um referendo, se possível antes do fim desta década. É preciso, diz, aprender com a experiência britânica e alemã e caminhar para um novo equilíbrio entre as competências do presidente e do congresso, e para um modelo que responsabilize também mais os deputados e os partidos, que necessariamente terão de ser em menor números (hoje, ilustra, há 28 com representação parlamentar e o maior tem apenas 13% dos assentos). Reverter essa fragmentação é fundamental, diz.

Sobre as suspeitas de envolvimento em casos de corrupção, Aécio, que está a ser investigado na sequência de denúncias do ex-senador do PT Delcídio do Amaral (a par de Dilma ou de Lula, por exemplo) diz que as acusações contra si são "ridículas". 

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