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Dilma apela aos brasileiros para se mobilizarem contra o "golpe"

Sem direito a perguntas e sem a presença de Lula da Silva, a presidente agora afastada insistiu que está a ser julgada por crimes que não cometeu. "É golpe" que quer acabar com a democracia e conquistas sociais, disse.

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12 de Maio de 2016 às 15:51
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Dilma Rousseff surgiu hoje mais só. Ao som de gritos "Dilma guerreira" de alguns apoiantes aproximou-se do microfone, sem Lula da Silva por perto, nem nenhum peso pesado do seu partido, o PT. Falando ainda na sede da Presidência, consigo trouxe o mesmo discurso de que está a ser vítima de um "golpe" que põe em causa o próprio processo democrático e as conquistas sociais no Brasil. "O golpe vai levar a democracia e as conquistas da população das últimas décadas", asseverou.


Numa derradeira intervenção antes de se afastar da Presidência, pediu abertamente o apoio da população, fazendo um "chamado" aos brasileiros para que se "mantenham mobilizados, unidos e em paz" porque a "luta pela democracia não tem data para terminar, e a luta contra o golpe pode ser longa". "Essa vitória depende de todos nós. Vamos mostrar ao mundo que há milhões de defensores da democracia no nosso país".

 

"Nunca imaginei que seria necessário lutar de novo contra um golpe no meu país. A nossa democracia é jovem, feita de sacrifícios e mortes - não merecia isso", afirmou, antes de voltar a apelar às ruas: "Tenho a certeza de que a população saberá dizer não ao golpe". Esse apelo foi reforçado depois quando se dirigiu aos apoiantes que a esperavam já no exterior do Palácio do Planalto, onde então Lula a esperava.


Antes, Dilma voltou a garantir que não há razão para "impeachment", que os actos que sustentam os indícios de "crime de responsabilidade" foram executados dentro da gestão orçamental que lhe é permitida pela lei, que não é corrupta e que nunca compactuou com corrupção. "É  a maior brutalidade que pode cometida contra um ser humano: não existe injustiça mais devastorada do que condenar um inocente", afirmou.

 

Depois da votação esmagadora na Câmara dos Deputados (73%), 55 de um total de 81 senadores votaram também esta noite a favor da abertura do julgamento que pode levar à sua destituição.  

Dilma Rousseff tem repetidamente garantido que não renunciará ao cargo e que esperará pela sentença final do Senado que terá de ser anunciada no prazo máximo de 180 dias, período durante o qual o Brasil será liderado por Michel Temer, o seu "vice" e agora maior rival político, membro do PMDB. Hoje voltou a repeti-lo. "Vou lutar com todos os instrumentos legais de que disponho para exercer o meu mandato até ao fim, até 31 Dezembro de 2018".

A ausência de Lula e de qualquer peso pesado do partido tendem, porém, a reforçar a tese que corre em Brasília de que o PT poderá forçar à sua renúncia, sobretudo depois da votação para a admissibilidade do processo de "impeachment" no Senado ter ultrapassado os dois terços exigidos para a sua condenação.

 
Sobre o futuro próximo, disse que "o maior risco do país é ser governado pelos sem voto, sem legitimidade para propor e implementar soluções para os desafios do Brasil". "Um governo que nasce de um golpe será ele próprio a razão da continuidade da crise política no país", acrescentou, numa referência ao seu sucessor que deverá ainda hoje apresentar o seu governo.


Dilma é acusada de ter ocultado empréstimos e realizado despesa sem autorização do Congresso, em violação da Constituição, para mascarar a real situação financeira do país e ampliar as chances de ser reeleita em 2014. Segundo as conclusões do Tribunal de Contas da União – que pela primeira vez desde 1937 recomendou ao Congresso e por unanimidade que chumbasse as contas apresentadas pela Presidência referentes a 2014 – o conjunto das irregularidades distorceram a imagem das finanças do país em 106 mil milhões de reais (26,4 mil milhões de euros, ao câmbio actual), cerca de 1,5% do PIB. 

A defesa da Presidente alega que os actos irregulares cometidos nesse primeiro mandato não podem ser julgados porque, entretanto, foi reeleita, admitindo apenas irregularidades em seis decretos assinados em 2015, mas insusceptíveis de "impeachment".






(notícia actualizada às 16h50) 

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