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Obama lança bases da campanha democrata para as eleições de Novembro

O discurso sobre o Estado da União (State of the Union) revelou aquela que deve ser a narrativa central da campanha democrata às eleições intercalares de Novembro deste ano. No seu centro estará a desigualdade económica e social.

Reuters
29 de Janeiro de 2014 às 11:33
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Barack Obama aumentou a agressividade do discurso. Longe estão as promessas de consenso e de acabar com os jogos políticos de Washington. Perante o Congresso mais hostil e dividido das últimas décadas, o Presidente dos Estados Unidos assumiu a divisão partidária e promete agora tentar avançar com medidas sem passar pela Câmara de Representantes. “Estou ansioso para trabalhar com todos vocês”, afirmou perante os congressistas de ambos os partidos. “Mas a América não fica parada, nem eu vou ficar. Portanto, onde quer que eu possa dar passos sem legislação para aumentar as oportunidades para mais famílias americanas, é isso que vou fazer.”

 

Ontem, Obama anunciou que iria assinar uma ordem executiva para aumentar o salário mínimo de novos contratos federais de 7,25 dólares (5,30 euros) para 10,10 dólares (7,39 euros) por hora. A desigualdade e as condições sociais estiveram no centro do discurso, dando pistas sobre o plano de ataque para a campanha das eleições intercalares, onde os democratas se arriscam a ceder ainda mais terreno aos republicanos na Câmara dos Representantes e perder mesmo a maioria no Senado. Vão a votos todos os lugares da Câmara de Representantes e um terço do Senado.

 

Num discurso de mais de uma hora, o Presidente dos EUA falou de justiça social, de melhorar o acesso à educação e subir salários, sublinhando várias vezes a expressão oportunidade. Frases como “é altura de acabar com locais de trabalho que pertencem a um episódio de ‘Mad Men’” – referindo-se às diferenças de salário entre homens e mulheres – ou “dêem um aumento à América” pareceram mais destinadas a um púlpito de campanha do que a um discurso de Estado da Nação.

 

Aliás, Obama inicia hoje uma viagem de dois dias ao Maryland e à Pensilvânia para promover as suas propostas para aumentar o salário mínimo federal e facilitar a poupança para a reforma. O público alvo é claro: uma classe média que perde há vários anos poder de compra. “Subir o salário mínimo é uma mensagem muito poderosa. Ressoa por todo o País. Acho que vai dar um impulso à agenda de Obama para este ano”, afirmou Ed Markey, senador do Massachusetts, depois do discurso de ontem.

 

Os republicanos argumentam que deve ser o mercado e os agentes económicos e não o governo

 A América não fica parada, nem eu vou ficar. Portanto, onde quer que eu possa dar passos sem legislação para aumentar as oportunidades para mais famílias americanas, é isso que vou fazer
 
Barack Obama

a fixar os valores salariais. “O Presidente fala muito de desigualdade de rendimento, mas o verdadeiro fosso que enfrentamos é de desigualdade de oportunidades”, referiu a representante Cathy McMorris Rodgers, escolhida para dar a resposta republicana ao Estado da União.

 

Dois terços acham que os EUA estão igual ou pior que há um ano

 

Obama parte para os seus três últimos anos à frente dos destinos do dos EUA numa situação de alguma fragilidade. Problemas graves no arranque do programa de saúde Obamacare e os escândalos de espionagem marcaram pela negativa início do seu segundo mandato. Uma sondagem da NBC e do “Wall Street Journal” mostra que 68% dos norte-americanos acham que os EUA estão iguais ou piores desde que Obama tomou posse.  

 

A mensagem de ontem parece, contudo, ter sido bem recebida por quem assistiu. A sondagem da CNN logo a seguir ao Estado da União mostrava que 44% tinham uma opinião positiva do discurso, 32% ligeiramente positiva e 22% negativa.

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