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Militares vão controlar distribuição de alimentos e de medicamentos na Venezuela
O ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino López, confirmou esta quinta-feira que os militares vão controlar a distribuição de alimentos no país, um projecto que começará com 18 categorias básicas alimentares e será depois expandido aos medicamentos e produtos industriais.
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Em declarações à imprensa, Padrino López, disse que os militares têm a missão de elaborar um "mapa de comercialização e distribuição" dos alimentos básicos, "desde a importação e comercialização, até aos Comités Locais de Abastecimento e Produção (Clap)".
Trata-se de uma iniciativa do Governo venezuelano que procura "controlar todos os produtos" comercializados no país e impedir que a distribuição seja "dominada" por redes privadas.
Algumas empresas de distribuição são propriedade de empresários estrangeiros, entre eles os portugueses.
"Não podemos continuar a permitir que a distribuição esteja nas mãos de drogarias privadas, tendo toda a capacidade robotizada que nos deixou o comandante Hugo Chávez (socialista que presidiu à Venezuela entre 1999 e 2013)", disse, referindo-se ao sector dos medicamentos.
Vladimir Padrino López, que também é chefe do programa governamental Grande Missão Abastecimento Soberano, anunciou na terça-feira que, segundo instruções do Presidente Nicolás Maduro, tinha dado ordens para ser designado um general ou uma equipa cívico-militar por cada categoria, ou seja, um general ou almirante será o chefe da categoria, por exemplo, arroz e mostrará tudo num mapa, desde a produção ou importação, passando pelo processo da agro-indústria, até a comercialização e aos Clap.
O anúncio teve lugar no programa radiofónico e televisivo "Em Contato com Maduro", transmitido pela televisão estatal venezuelana, durante o qual vincou que os militares vão "combater máfias, especulação de preços e outros delitos".
Na Venezuela são cada vez mais frequentes as queixas dos cidadãos sobre as dificuldades para conseguir alguns produtos, designadamente alimentos e medicamentos, que escasseiam no mercado local.
Em Abril de 2016 o Presidente Nicolás Maduro anunciou que a distribuição de alimentos seria feita sob o controlo dos Comités Locais de Abastecimento e Produção, uma iniciativa polémica, com a qual o Executivo pretendia combater o contrabando e a revenda ilegal de produtos.
Alguns cidadãos, entre eles os opositores do Governo venezuelano, criticaram fortemente a institucionalização dos Clap, que associam aos sovietes, os conselhos de representantes operários que apareceram pela primeira em 1905 na Rússia, para impulsionar a revolução russa.
No entanto, parte da população, entre eles portugueses, acreditam que os Clap podem ajudar a solucionar o problema da escassez de produtos no país, mas questionam se não vão ser privilegiados alguns cidadãos em detrimento de outros.