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Bullard: Fed deverá manter-se independente de Trump
Mesmo que o futuro presidente substitua Janet Yellen em 2018, os restantes membros da Fed têm mandatos de 14 anos. O presidente da Fed de Saint Louis acredita que este facto isola a Reserva das pressões políticas dos Executivos.
A natureza "tecnocrática" da Reserva Federal norte-americana deverá assegurar a sua independência em relação à administração no Presidente eleito dos EUA, Donald Trump. A convicção é de James Bullard, membro do Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC) da Reserva e presidente do banco da Reserva de Saint Louis.
Segundo este responsável, apesar de o futuro Presidente ter a possibilidade de indicar uma nova líder para o banco central já em 2018 - em substituição de Janet Yellen de quem foi crítico na campanha -, os restantes membros da Fed (sete) têm mandatos de 14 anos, o que virtualmente os coloca fora do alcance das pressões políticas dos Executivos.
"A Fed fez um óptimo trabalho. (…) Mesmo quando temos um grupo de pessoas tão diferentes [no FOMC] elas acabam por chegar às mesmas conclusões," afirmou Bullard citado pela Reuters referindo-se à forma como foi enfrentada a crise nos últimos anos na maior economia do mundo.
Referindo-se ao resultado das eleições desta terça-feira, Bullard acrescentou que o facto de os republicanos controlarem agora não apenas a Casa Branca como o Senado e a Câmara dos Representantes pode desbloquear impasses políticos e beneficiar a economia norte-americana. E que as propostas de reforma regulatória e o investimento em novas infra-estruturas anunciados por Trump estão, para já, a compensar as preocupações com a volatilidade nos mercados financeiros que poderia ter emergido no pós-eleições.
Nas suas mais recentes reuniões, a Reserva Federal vem sinalizando a melhoria progressiva da economia, nomeadamente ao nível de indicadores como o emprego, a actividade industrial ou o consumo, o que leva o mercado a antecipar um novo aumento dos juros nos EUA ainda este ano.
Apesar da reacção a quente dos mercados, esta quarta-feira, à eleição de Trump - que não era esperada nas sondagens -, 85% dos analistas sondados pela Reuters continuam a acreditar que a entidade liderada por Janet Yellen vai mesmo aumentar o preço do dinheiro na reunião de Dezembro.