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Argentina vira-se à direita

O candidato do centro-direita, Mauricio Macri, que já foi presidente do Boca Juniors, venceu as eleições. A oposição tira a esquerda do poder, onde os Kirchner estiveram 12 anos. Esperam-se mudanças no campo económico.

Bloomberg
23 de Novembro de 2015 às 07:52
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A Argentina virou-se para a direita. Foi uma luta renhida mas Mauricio Macri (na foto), empresário que já presidiu ao clube de futebol Boca Juniors, ganhou e colocou o centro-direita no poder. Antecipam-se agora as mudanças no lado da economia, com o fim dos 12 anos da esquerda de Kirchner.

 

"É um dia histórico, uma mudança de era que vai ser maravilhosa", disse Mauricio Macri aos seus apoiantes, citado pela Lusa, este domingo. Com 99,17% dos votos contados, o empresário, que também é presidente do município de Buenos Aires, ganhava com 51,40% do eleitorado votante enquanto o candidato apoiado pela presidente cessante Cristina Kirchner, Daniel Scioli, contava com 48,60% dos votos, segundo números divulgados pelo Globo.

 

Vencedor na primeira volta, Scioli (da "Frente para la Victoria") aceitou a derrota neste segundo sufrágio. "A população optou pela mudança", admitiu. Krichner sai do poder, onde se encontrava desde 2007 – de 2003 até esse ano tinha sido a mulher do presidente Néstor Kirchner. A saída do poder deverá ocorrer a 10 de Dezembro, com a tomada de posse de Macri, que se candidatou pela coligação "Cambiemos" (Mudemos, numa tradução literal). A Reuters escreve que é o terceiro presidente que não se enquadra na herança do movimento dos Perón (Juan Domingo e sua mulher, conhecida como Evita) desde o fim da ditadura militar, em 1983. A agência também relembra que os dois outros presidentes eleitos nessas condições não conseguiram ficar no poder até ao fim do mandato, pela dificuldade em implementar as mudanças pretendidas num país em que, por exemplo, os sindicatos têm muita força.

 

De qualquer forma, a segunda maior economia da América do Sul deverá agora passar por algumas mudanças, dado que o campo ideológico de quem ocupa a presidência é distinto. As propostas de Macri passam, conforme relembra a Bloomberg, pelo levantamento de controlos cambiais, corte na inflação (neste momento, encontra-se em dois dígitos) e um contacto mais próximo com os investidores internacionais. Um trabalho difícil para uma economia que já entrou em "default" – ao não pagar o que devia aos seus credores.

 

O candidato apoiado por Kirchner defendia que a política de Macri poderia colocar em risco os programas de apoio social anteriormente definidos. A defesa do mandato foi feita pela própria presidente cessante no dia das eleições – aliás, a Lusa conta que há 53 denúncias contra a presidente cessante por alegadas violações da lei eleitoral no que diz respeito a declarações políticas feitas durante as eleições, o que estaria proibido.  

Contrariando a presidência anterior, e para cortar no défice orçamental, o candidato pró-empresas quer colocar fim a subsídios na energia e nos transportes. Além disso, promete também aumentar as reservas em moedas estrangeiras, que estão em mínimos de nove anos. O caminho não se adivinha fácil - Macri não tem maioria nas duas câmaras do Congresso.   

(Notícia com foto alterada às 10h57)

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