A moeda da Argentina, o peso, caiu 30% depois do recém-eleito presidente Mauricio Macri ter cumprido a sua promessa eleitoral de permitir a moeda negociar livremente, escreve esta quinta-feira 17 de Dezembro, a Bloomberg.

O impulso de Macri por uma desvalorização da moeda era parte fundamental da estratégia do líder conservador para atrair o investimento necessário para impulsionar a economia da Argentina, que sofre de um crescimento anémico, de uma inflação estimada de 25% e de falta de moeda estrangeira, escreve a agência.

A decisão também comporta riscos, explica a Bloomberg. A queda acentuada do peso pode conduzir a um aumento significativo do preço dos bens importados e provocar uma reacção negativa na sociedade civil, com os argentinos a verem o valor das suas poupanças afundar face ao dólar. O Morgan Stanley estima ainda que a rápida desvalorização do peso empurre a inflação para os 35% em 2016.

O ministro das Finanças Alfonso Prat-Gay, ao anunciar a decisão de findar o suporte do banco central à moeda e acabar com os controlos cambiais que limitavam a capacidade dos argentinos comprarem dólares, disse esta quarta-feira que o banco central está preparado para intervir caso a queda do peso fique fora do controlo.

Adicionalmente, a Argentina espera fluxos de entrada entre 15 mil milhões de dólares e 25 mil milhões nos próximos meses para aumentar as suas reservas, escreve a Bloomberg.

"Este é um começo positivo que deve ajudar a estabelecer um choque de confiança e ancorar as expectativas dos investidores, pelo menos no curso prazo", disse Patrick Esteruelas, analista da EMSO Asset, citado pela Bloomberg. "A médio prazo, as pessoas vão observar atentamente o impacto na inflação e social [da medida], e se isso vai influenciar a capacidade desta administração continuar a governar", acrescentou.

O peso caiu 30% para 13,95 pesos por dólar na sessão desta quinta-feira. No mercado negro – utilizado por argentinos para evitar o limite à compra de moeda norte-americana – a moeda negociou nos 14,6 pesos por dólar, escreve a agência.

"Levantar o controlo de moeda significa levantar as dificuldades que têm condicionado a economia durante anos", disse Prat-Gay aos repórteres de Buenos Aires, citado pela Bloomberg, acrescentando que "isto vai dar o pontapé de partida à economia e colocá-la numa rota de crescimento".

Macri assumiu funções no passado dia 10 de Dezembro, com as reservas de moeda estrangeira em mínimos de nove anos e limitada capacidade de se financiar no estrangeiro devido à disputa legal os credores após a Argentina entrar em incumprimento. O objectivo do presidente é procurar entendimentos com os credores para reconquistar o acesso ao financiamento no exterior.