“O Ministro da Presidência acaba de decretar o fim das negociações em sede de IRC”, afirmou esta tarde o deputado do PS João Galamba (ao centro na foto), reagindo às declarações do ministro Marques Guedes, que à saída da reunião do conselho de ministros culpou o PS de não criar condições para a concretização de um acordo entre as diferentes forças partidárias.

Na abertura da reunião da Comissão de Orçamento e Finanças, João Galamba revelou que o Governo só contactou o PS às 23h30 de terça-feira passada, o que, para os socialistas, é revelador da falta de vontade efectiva do Governo para estabelecer um diálogo efectivo.

Ao invés, ao PS “não pode ser imputada qualquer responsabilidade ao PS” pelo fracasso das negociações, uma vez que “não se pode esperar que o PS adira incondicionalmente a uma questão ideológica”.

Cristóvão Crespo, do PSD ripostou dizendo que foram “o Governo e a maioria que deram passos mais concretos”, ao acolherem três das dez propostas dos socialistas.

“O PS não mexeu um milímetro ao longo da discussão. Não se percebe como pode funcionar uma negociação deste género”, disse o deputado.

Apesar da troca acrimoniosa de palavras, a ruptura das negociações não ficou consumada por parte dos grupos parlamentares.

Esta é a terceira reunião que a comissão de orçamento e finanças realiza no espaço de dois dias, provocada por pedidos de adiamento sucessivos para permitirem o prolongamento das negociações.

O PCP, através de Paulo Sá, lamentou a perda de tempo a que se assiste, que teria dado para ouvir muitas outras entidades.

Já Luís Filipe Soares, do Bloco de Esquerda, socorreu-se de um adágio popular para resumir a discussão: “Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades”.

As votações continuam até às 15 da tarde e serão retomadas ao final do dia.