O Orçamento do Estado para este ano trouxe más notícias para quem fuma: o Governo optou por subir os impostos que incidem sobre o tabaco, o que levou as operadoras a aumentar os preços do tabaco. Ainda em Abril, a generalidade das marcas subiu o preço em 10 cêntimos, mas a Tabaqueira optou por "carregar" ainda mais no preço, aumentando 20 cêntimos às marcas como Marlboro, Chesterfield ou L&M. Contudo, agora optou por recuar e baixou 10 cêntimos.

Uma visita à tabacaria comprova-o: o maço de Marlboro, que custava 4,70 euros antes da subida de impostos, escalou para os 4,90 euros. Mas agora já é vendido a 4,80 euros. O mesmo acontece com o maço de L&M, que passou de 4,20 euros para 4,40 euros. Entretanto, passou para 4,30 euros. Tal como o Chesterfield: subiu de 4,40 euros para 4,60 euros, tendo entretanto recuado para 4,50 euros. Também no SG Ventil se notou esta dinâmica.

Recorde-se que, tal como o Negócios escreveu no final de Abril, bastaria uma subida de 10 cêntimos nas marcas mais caras – denominadas "premium" – para absorver o aumento de impostos. Nas marcas mais baratas, abaixo do preço de referência de 4,20 euros, é que seria preciso aumentar 20 cêntimos para absorver o imposto na totalidade, sem perder margens.

Acontece que essas marcas mais baratas não aumentaram o preço em 20 cêntimos, tal como se esperava – subiram 10. E, segundo apurou o Negócios, foi isso que levou a Tabaqueira a recuar e a baixar 10 cêntimos nos preços das suas marcas de tabaco. Isto porque, com a subida inicial, aumentou o diferencial para o tabaco mais barato no mercado. E, conta fonte do mercado, as marcas mais caras do grupo Tabaqueira começaram a sentir uma menor procura devido à subida de preços. Em sentido inverso, o tabaco mais barato começou a ser mais procurado.

Oficialmente, a Tabaqueira nada diz. "Não comentamos decisões de política comercial", assinala ao Negócios.

As mexidas ficam por aqui?

As restantes operadoras optaram por aumentar apenas 10 cêntimos nas suas marcas de tabaco. Foi o que fez a Japan Tobacco International (JTI), que comercializa marcas como Camel ou Winston. Também a Imperial Tobacco, que vende John Player Special, West ou Davidoff, subiu apenas 10 cêntimos.

Ao Negócios, a responsável de comunicação da JTI, Macarena Barragán, não exclui novas mexidas, em reacção à baixa de preços da Tabaqueira. "A JTI está sempre a analisar o mercado e adapta o seu posicionamento de marca para manter uma posição competitiva", afirma. Tiago Souza d’Alte, responsável pelos assuntos corporativos da Imperial Tobacco, prefere não comentar a política de preços.