Notícia
Tabacaria com 144 anos fecha por causa da Lei das Rendas
Apesar de estar na lista da lojas históricas de Lisboa, a Tabacaria Martins, ao Bairro alto, vai dar lugar a um edifício de apartamentos de luxo. A alteração à lei que permitirá proteger estes estabelecimentos continua a marinar no Parlamento.
A notícia foi avançada pelo site de notícias "O Corvo" e está esta sexta-feira nos vários jornais e rádios: a Tabacaria Martins, uma das históricas da cidade de Lisboa, fundada há 144 anos no Largo do Calhariz, vai encerrar portas no final do mês. No espaço que agora ocupa, o Palácio Sandomil, nascerá um edifício de apartamentos de luxo que, adianta a TSF, já estão à venda e um T4 custa mais de três milhões de euros.
A Tabacaria Martins aparece referenciada nos guias da cidade e mantém ainda todo o simbolismo associado aos tempos em que abriu portas, no século XIX, em 1872, com as suas paredes revestidas de estantes em madeira. A proprietária, Ana Martins, é neta do fundador, Manoel Francisco Nunes Martins, e, escreve o Corvo, fica desempregada, tal como os três funcionários do estabelecimento.
O Palácio Sandomil foi vendido a um fundo imobiliário inglês que agora se recusa a renovar o contrato de arrendamento. A Tabacaria faz parte de um conjunto de 63 "Lojas com História", um levantamento feito pela Câmara de Lisboa, mas isso de nada lhe servirá, apesar de, segundo escreve o Público, a autarquia afirmar que "está a acompanhar a situação".
No Parlamento um projecto de lei de alteração à Lei das Rendas prevê uma protecção acrescida para as chamadas Lojas com História. No entanto, o diploma, apresentado em Abril do ano passado, continua a marinar e ainda não foi aprovado, estando previsto que tenha um novo impulso durante o início de 2017.
Carla Salsinha, presidente da União de Associações do Comércio e Serviço, em declarações à TSF lamenta que ser "Loja com História" não sirva, na prática, para nada e alerta para o facto de que, em resultado da lei do arrendamento, muitos destes estabelecimentos correm o sério risco de ser confrontados em 2017 e 2018 com aumentos de renda que vão obrigar os empresários a desistir do negócio.