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Marcelo deixa Orçamento fora do discurso do 5 de Outubro
Presidente evitou mais pressão sobre o Governo, depois de dias a deixar recados sobre Orçamento e a economia. Marcelo falou sobre a ética na política e pediu aos políticos que dêem o exemplo.
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Depois de vários dias de avisos ao Governo sobre o Orçamento do Estado para 2017, o Presidente da República evitou o tema no discurso das comemorações da Implantação da República. No 5 de Outubro, Marcelo Rebelo de Sousa escolheu falar em ética dos políticos. Uma opção que alivia a pressão sobre o Executivo que quer negociar o Orçamento com Bloco, PCP e Verdes de forma discreta.
A nove dias da entrega do Orçamento do Estado para 2017 e numa altura em que os partidos da esquerda parlamentar que suportam o Governo ainda não fecharam o documento, a mensagem do Presidente no 5 de Outubro era aguardada com alguma expectativa.
Mas a escolha de Marcelo recaiu sobre o que devem os políticos fazer para evitar o afastamento dos cidadãos face à democracia, poupando assim o Governo a mais pressão em matéria orçamental.
"Casos a mais de princípios a menos"
Marcelo não falou em casos concretos, mas o aviso surge depois de um Verão marcado pela polémica em torno das viagens oferecidas pela Galp a três secretários de Estado para assistir a jogos de futebol do campeonato europeu. E que levou o Governo a fixar um novo código de conduta e os três governantes a pedirem escusa na análise de processos que envolvam a petrolífera.
"De cada vez que um político se deslumbra com o poder, se acha o centro do mundo, se distancia dos governados e alimenta clientelas, de cada vez que isso acontece aos olhos do cidadão comum é a democracia que sofre", concretizou o Presidente.
Em reacção ao discurso, o primeiro-ministro defendeu a necessidade de a classe política retomar um princípio "há muito esquecido" que é "prometer e cumprir". João Oliveira, o líder parlamentar do PCP, considerou que a Constituição é o "melhor compromisso" para responder aos problemas dos portugueses.
O secretário-geral do PSD, Matos Rosa, considerou que Marcelo deixou um "recado muito importante" para o Governo contra a "política do populismo, da espuma dos dias, longe dos portugueses".