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Catarina Martins: "Não creio que haja condições para viabilizar a proposta de orçamento"
Catarina Martins diz que o Bloco de Esquerda não tem condições para viabilizar a proposta de Orçamento do Estado e acusa o Governo de ter fechado as negociações unilateralmente. O partido mantém propostas em cima da mesa e disponibilidade para retomar negociações.
A coordenadora do partido sublinhou aliás o que considera ser um comportamento diferente da parte do Governo. A última vez que falou com o primeiro ministro foi "a meio da semana passada". "Desta vez e um pouco diferente dos outros orçamentos, não houve um encontro para fechar negociações antes da entrega da proposta de OE", afirma. Depois desse encontro, Bloco e Governo trocaram "alguns documentos sobre algumas das propostas mas não houve nenhum encontro para conclusão das negociações", acusa.
Questionada pela Antena 1 sobre se não é pior para o país provocar uma crise política, a líder bloquista respondeu que "a crise política só existe se não houver um orçamento que responde à vida das pessoas".
O Bloco queixa-se de que o primeiro-ministro fechou as negociações sem que houvesse acordo em três áreas fundamentais para o partido: a resposta à vaga de despedimentos que se antecipa; o reforço do SNS; e o Novo Banco.
Em relação ao Novo Banco, a coordenadora do BE lamenta a falta de abertura do Governo para realizar uma nova auditoria ao Novo Banco. "O que tivemos até agora foram auditorias formais. Mas não investigam como é que as imparidades do novo banco são registadas. Não é sério que o Estado tenha de cumprir um contrato mesmo quando se acha que a outra parte está a fazer uma coisa ilícita", afirmou.
Quanto à solução de haver um empréstimos dos bancos ao Novo Banco poupando ao Estado uma nova injeção no banco, Catarina Martins mostra-se cética. "Podemos fazer muitos truques, mas é um empréstimo, alguém o vai pagar. E se passa pelo fundo de resolução, quem o paga são os contribuintes", acusou, lembrando que uma vez mais a Lone Star será premiada.
O outro grande dossiê que afasta o Bloco de Esquerda desta proposta de orçamento são as medidas da área laboral. O documento, defende na mesma entrevista, tem de dizer ao país "como respondemos à vaga de despedimentos, como protegemos o trabalho. O Governo recusa proibir despedimentos no acesso aos apoios. Não prevê qualquer condição para a manutenção do emprego. Estamos todos de acordo que é preciso um grande incentivo à economia e às empresas mas tem de ser em nome do emprego e do salário", afirmou. "Os apoios à economia têm de ter contrapartidas fortes no emprego".
Finalmente, há a divergência na área da saúde que tem alimentado duras discussões entre Catarina Martins e António Costa no Parlamento. O Bloco não está convencido com os compromissos do governo no reforço de pessoal e lembra os incumprimentos e atrasos na concretização do que ficou acordado no Orçamento do Estado para 2020.
"Temos uma crise extraordinária que exige coragem e um contexto de difícil entendimento à esquerda nomeadamente porque o Partido Socialista não cumpriu o que foi acordado em 2020 na saúde e na proteção social. O BE não está disponível para aceitar anúncio de medidas que não esteja calendarizada e que a sua dimensão não esteja mensurada", concluiu.
(Notícia atualizada às 10h51)