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Obama quer tirar aos ricos e às empresas para dar à classe média

Barack Obama quer uma reforma fiscal que acabe com privilégios de que os super-ricos não precisam e que ponha as empresas, há demasiado tempo representadas por lobistas, a pagar os impostos que devem. Tudo em nome de um alívio à classe média.

Negócios 21 de Janeiro de 2015 às 12:58
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Acabar com os privilégios fiscais das empresas que aproveitam os buracos na legislação para pagarem poucos ou nenhuns impostos e obrigar os ricos a pagarem impostos sobre as fortunas que acumulam, para conseguir aliviar o fardo fiscal à classe média. Esta é, em traços gerais, a ambição de Barack Obama, que na noite de terça-feira, era madrugada em Portugal, proferiu o discurso do Estado da União.

 

A questão fiscal mereceu cerca de dois parágrafos no longo discurso do presidente norte-americano. Segundo Obama, "como americanos, não nos importamos de pagar a nossa parte de impostos desde que todos a paguem". Contudo, "durante muito tempo, os lobistas têm manipulado os códigos fiscais com brechas que permitem que algumas empresas não paguem nada", deixando para outros o fardo fiscal. São estes mesmos lobistas, que salpicam os códigos de privilégios fiscais de que os super-ricos não precisam, que depois negam à classe média o alívio de que ela necessita.

 

Para Obama, este ano há uma oportunidade para mudar a situação. "Vamos tapar as brechas e parar de recompensar as empresas que mantêm os seus lucros no exterior, e compensar aquelas que investem na América". Obama quer usar essas poupanças para reconstruir as infra-estruturas e para tornar mais atractivo o ambiente empresarial para quem quer criar empregos nos EUA.

 

O presidente norte-americano referiu-se ainda às brechas fiscais que alimentam a desigualdade na distribuição dos rendimento no País, e que permitem que os 1% mais ricos evitem pagar impostos sobre as suas fortunas acumuladas.

 

Com este dinheiro, diz Obama, o Estado poderá ajudar mais famílias a criar os seus filhos e a pagar-lhes a universidade.  

 

 

Principais pontos do discurso de Barack Obama sobre o Estado da União

Economia:

 

O Presidente norte-americano destacou a entrada dos Estados Unidos numa nova era económica. "Esta noite, vamos virar a página" de uma "recessão violenta".

 

Obama propôs um aumento da carga fiscal sobre as famílias mais ricas, afirmando que iria fornecer detalhes ao Congresso em duas semanas. "Será que vamos aceitar uma economia em que só alguns estão a ter resultados espectaculares?"

 

O líder norte-americano pediu também para fazer avançar os acordos de livre comércio com a União Europeia e a região da Ásia-Pacífico, solicitando ao Congresso a adopção de um "procedimento acelerado" de negociação.

 

Irão:

 

Novas sanções contra o Irão traduzir-se-iam no "fracasso da diplomacia", declarou Obama.

 

"A nossa diplomacia está a trabalhar com respeito pelo Irão, onde, pela primeira vez numa década, parámos o avanço do programa nuclear e reduzimos o 'stock' do material nuclear".

 

O líder norte-americano disse ainda que, até à primavera, os EUA têm a oportunidade de poder negociar um acordo completo que impeça o Irão de ter armas nucleares.

 

"Não há nenhuma garantia que as negociações sejam coroadas de sucesso (...), mas novas sanções vão deitar por terra os esforços diplomáticos. Isso não faz sentido", disse ao manifestar o seu veto.

 

Cuba:

 

O Presidente dos Estados Unidos pediu esta madrugada ao Congresso para levantar o embargo económico contra Cuba, no quadro da reaproximação histórica entre os dois países.

 

"Este ano, o Congresso deverá começar a trabalhar para acabar com o embargo" que Washington impôs a Havana há mais de meio século, insistiu.

 

Terrorismo:

 

Os EUA e os seus aliados vão vencer o grupo Estado Islâmico (EI), mas "esta acção vai demorar tempo", afirmou Obama, ao defender que o país está solidário com todas as vítimas do terrorismo, desde "uma escola no Paquistão até às ruas de Paris".

 

"Vamos continuar a perseguir os terroristas e a destruir as suas redes e reservamo-nos o direito de agir unilateralmente, conforme temos feito desde que fui eleito, para eliminar os terroristas que representam uma ameaça directa para nós e para os nossos aliados", declarou, perante o Congresso.

 

Rússia-Ucrânia:

 

"Defendemos o princípio de que as grandes potências não podem intimidar os pequenos países e opomo-nos à agressão russa, apoiando a democracia na Ucrânia e tranquilizando os nossos aliados da NATO".

 

"No ano passado, quando estávamos a trabalhar bastante para impor sanções com nossos aliados, alguns sugeriram que a agressão (do Presidente russo) Vladimir Putin era uma demonstração magistral de estratégia e de força", continuou Barack Obama.

 

O Presidente norte-americano sublinhou que "hoje são os EUA que estão fortes e unidos com os seus aliados, enquanto a Rússia está isolada e a sua economia está a desmoronar-se".

 

Guantánamo:

 

Barack Obama garantiu não desistir dos seus esforços para encerrar a prisão situada na base norte-americana de Guantánamo, em Cuba, conforme prometeu no início do seu mandato.

 

"É tempo de acabar o trabalho. Estou decidido e não vou desistir até encerramos a prisão", afirmou Obama.

 

Segundo a agência noticiosa Efe, atualmente permanecem 122 presos no centro prisional de Guantánamo, aberto pela administração de George W. Bush após os atentados de 11 de Setembro de 2011 nos Estados Unidos e que foi destinado a albergar detidos suspeitos de terrorismo.

 

Anti-semitismo:

 

O Presidente dos Estados Unidos denunciou também o ressurgimento do anti-semitismo em "certas partes do mundo" e condenou os "estereótipos" contra os muçulmanos.

 

"Como americanos, nós respeitamos a dignidade humana (...). É por isso que nos expressamos contra o deplorável ressurgimento do anti-semitismo em algumas partes do mundo. É por isso que continuamos a rejeitar estereótipos insultantes contra os muçulmanos, cuja grande maioria partilha o nosso compromisso para com a paz", apontou.

 

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