Não há razões para mexer no raro "triplo A" que rotula a dívida pública da Alemanha, nem na perspectiva "estável" que o acompanha, devido ao tecido económico "diversificado e altamente competitivo" e à "orientação histórica das políticas macroeconómicas para a estabilidade" das contas públicas, refere a Moody’s num relatório divulgado nesta terça-feira.

Contudo, quando se olha mais para a frente, é de assumir que o risco dos títulos soberanos da Alemanha aumente gradualmente, à medida que as finanças públicas sintam os efeitos da factura crescente decorrente do envelhecimento da população, alerta a agência de notação financeira.

"Uma população em declínio e o envelhecimento da população em idade activa pode afectar negativamente a taxa potencial de crescimento da economia e a sustentabilidade dos sistemas de segurança social", assinala a Moody's no relatório anual sobre o país intitulado "fundamentos económicos e orçamentais fortes apoiam o perfil de crédito da Alemanha, mas as questões demográficas colocam desafios".

A Moody’s socorre-se de previsões da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) segundo as quais a taxa potencial de crescimento da maior economia europeia e da quarta maior ao nível mundial deverá cair para menos de metade na próxima década, passando de 1,6% em 2012 para apenas 0,7% em 2025.

Esta redução do potencial de crescimento deve-se "principalmente à queda do emprego potencial", refere a agência que critica implicitamente as recentes mexidas no sistema pensionista, ao escrever que vão custar ao erário público o equivalente a 2,2% do PIB até 2030, "agravando ainda mais os  desafios demográficos que o país enfrenta".

"Uma pressão negativa sobre o rating ‘Aaa’ da Alemanha poderá ocorrer se a Moody's observar uma deterioração prolongada sobre a situação orçamental e/ou sobre a robustez de longo prazo da economia".

Por outro lado, acrescenta a Moody's, "uma renovada intensificação
da crise da dívida da Zona Euro, em particular se forem afectados países grandes como Itália e Espanha, também terá um impacto negativo na notação financeira" do país.