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Moody's compara Portugal a Itália, mas por boas razões

Numa análise comparativa entre Portugal, Itália e Hungria, a agência de rating deixa elogios à evolução da economia portuguesa.

20 de Dezembro de 2018 às 09:53
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Portugal está mais propício a reformas, vai crescer mais e a economia já recuperou da crise. São estes os traços que diferenciam a economia portuguesa da italiana na opinião dos analistas da Moody's. A agência de rating comparou os dois países, a par da Hungria, por estarem no mesmo nível de notação financeira: o último grau de investimento. Tal deve-se à subida em Outubro do rating português, saindo do lixo, e a descida de Itália uma semana depois.

"Itália, Portugal e Hungria ainda enfrentam desafios consideráveis de financiamento em 2019", alerta o vice-presidente da Moody's, Evan Wohlmann, co-autor do relatório que compara os três países, cujo comunicado foi enviado esta quinta-feira, 20 de Dezembro, às redações. Nestes três países, Wohlmann avisa que a falta de reformas poderá levar a Moody's a rever o rating. 

É neste ponto que a agência de notação financeira considera que Portugal está melhor do que os seus pares. A Moody's antecipa que o ritmo de reformas se mantenha "lento e tímido" na Itália e que seja afectado pelos condicionamentos externos na Hungria. "Em contraste, considerámos que os indicadores institucionais elevados de Portugal e o ambiente político mais estável do país conduzam a uma manutenção do ritmo de reformas", escreve a agência. 

Além disso, a economia portuguesa deverá levar um avanço face à italiana: não só porque já recuperou do impacto da crise enquanto Itália não, mas também porque vai crescer a um maior ritmo. O crescimento real do PIB entre 2018 e 2020 em Portugal deverá ser de 1,8%, o que compara com os 1,2% esperados para a economia italiana. 

Ainda que tenha melhorado a sua resiliência desde a crise, continua a haver pontos fracos, principalmente na banca portuguesa - um problema que é partilhado com a banca italiana. Os "níveis elevados de crédito malparado" e a "fraca rentabilidade" são traços comuns aos dois países. 

Mas há factores que deixam Itália naturalmente mais resistente do que Portugal. Apesar de ter um rácio da dívida pública superior a Portugal, Itália "nunca acumulou grandes dívidas externas", dado que grande parte do financiamento é interno. Além disso, a escala "muito maior" da economia e os "níveis elevados de riqueza" tornam a economia italiana mais capaz face a choques futuros.

Mas uma coisa é certa para a Moody's: "Os três países carregam um fardo considerável de dívida pública, que aumentou acentuadamente durante e crise e que mantém-se bem acima dos seus pares em termos de rating", cuja média era de um rácio da dívida pública de 48% do PIB em 2017. No caso de Portugal o rácio situava-se nos 124,8% e no de Itália nos 131,8%. 


Portugal mais bem preparado do que Itália para mudança de política do BCE
A agência de rating Moody's considera que Portugal e Espanha estão mais bem posicionados do que a Itália para enfrentar a transição para o ambiente "pós-programa de compra de dívida do Banco Central Europeu (BCE)".

O BCE pôs fim ao seu programa de compra de dívidas iniciado em 2015, com o qual acumulou obrigações no valor de 2,5 biliões de euros, dos quais 12,55% correspondiam a títulos de dívida espanhóis.

Num relatório publicado hoje e citado pela Lusa, a agência Moody's explica que Itália, Espanha e Portugal precisarão de continuar a diversificar as fontes de financiamento, "para atender às suas necessidades de dívida ainda muito altas", quando o BCE finalizar o seu programa de compra de dívida.

No entanto, considera que Espanha e Portugal estão bem posicionados para continuar a gerir este ambiente "após o programa de compra de dívida, enquanto a Itália terá de enfrentar desafios mais significativos", por causa da sua situação política e económica.

No relatório, a agência destaca a maior qualidade de crédito de Espanha e a procura robusta de investidores estrangeiros, enquanto, no caso de Portugal, valoriza os investidores e as fontes de financiamento cada vez mais diversificadas.

Esses fatores colocam os dois países "numa posição comparativamente boa" após o programa de compra de dívida do BCE, afirma a Moody's.

"Embora consideremos que os riscos de uma crise de liquidez para Itália sejam baixos, a venda maciça feita por investidores não residentes a partir de maio deste ano significa que a gestão da transição será mais difícil para este país", adverte a agência de rating.

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