Notícia
Moody's piora perspetiva da banca portuguesa de "positiva" para "estável"
A agência de rating considera que os bancos portugueses vão ser afetados pela desaceleração da economia portuguesa, em linha com o que acontece na Zona Euro. Para a Moody's, o impacto líquido do BCE tem sido "positivo" na banca portuguesa.
A previsão de desaceleração da economia portuguesa nos próximos anos leva a Moody's a baixar esta segunda-feira, 11 de novembro, o "outlook" dos bancos portugueses de "positivo" para "estável".
"A perspetiva para o setor bancário em Portugal mudou de positiva para estável uma vez que o crescimento económico do país vai desacelerar em linha com o conjunto da Zona Euro", escreve a agência de rating, antecipando um crescimento de 1,7% este ano, o que contrasta com a previsão da Comissão Europeia atualizada na semana passada para 2%.
A Moody's prevê que a economia portuguesa continue a desacelerar em 2020 e nos anos seguintes, aproximando-se do crescimento potencial de 1,5% calculado pela agência de rating. "A nossa previsão reflete uma combinação de um crescimento do emprego mais moderado e restrições estruturais, incluindo o endividamento das empresas relativamente alto e a fraca produtividade", explica a agência de rating.
Na nota publicada hoje, Maria Vinuela, analista sénior da Moody's, prevê que o capital, a rentabilidade e as condições de financiamento "se mantenham inalteradas nos próximos 12 a 18 meses" e que o crédito malparado (NPLs) continue a ser reduzido, o que também será ajudado pela venda de portfólios.
Contudo, "o stock de ativos problemáticos irá manter-se elevado para os padrões europeus". A Moody's prevê que o rácio de NPLs desça para 8,1% no final de 2020 para o conjunto dos bancos portugueses que acompanha. Os dados divulgados recentemente pelo Banco Central Europeu (BCE) revelam que o nível atual é de 10,5%. A média europeia atual de NPLs é de 3%.
"A rentabilidade irá provavelmente manter-se para perto dos níveis baixos atuais", antevê Vinuela, referindo que as iniciativas de redução dos custos irão compensar "amplamente" o "reduzido" volume de negócio e o ambiente de taxas de juro "muito baixas".
A Moody's alerta ainda para o "elevado volume" de DTAs (ativos por impostos diferidos), que considera ser uma "forma de capital de baixa qualidade", "mina a resiliência do capital" dos bancos portugueses. "O capital dos bancos portugueses é mais fraco do que a maior parte dos seus parceiros europeus", assinala a agência de rating.
O relatório mantém a "probabilidade moderada" do Governo ter de ajudar os dois principais bancos portugueses, a CGD e o BCP. Para os restantes bancos a probabilidade é "reduzida".
Impacto líquido das políticas do BCE é positivo
Na opinião da Moody's, os bancos portugueses têm de agradecer ao Banco Central Europeu (BCE) pela política monetária expansionista. A agência de rating conclui neste relatório que o impacto líquido tem sido "positivo" para a banca portuguesa "até agora", contribuindo para a liquidez dos bancos.
"[As políticas do BCE] também reduziram o fardo de reembolsos do altamente endividado setor privado, levando a menor perdas com empréstimos. Ao mesmo tempo, o custo de financiamento mais baixo ajudou a manter as margens de juro líquidas iguais, em grande medida, apesar dos juros diretores mais baixos", explica a Moody's.
Certo para os analistas da agência de rating é que não haverá uma inversão dessa política monetária não convencional em breve. A expectativa da Moody's é que o BCE não comece a aumentar os juros antes da primeira metade de 2020 e "qualquer subida deverá ser muito gradual".
Para já, os bancos poderão aproveitar a terceira ronda de empréstimos de longo prazo (TLTRO III) anunciada em setembro deste ano no pacote de novos estímulos. A Moody's escreve que, apesar das condições serem menos favoráveis do que rondas anteriores, "o programa irá provavelmente manter-se atrativo para muitos bancos", incluindo os portugueses que podem participar para tirar "vantagem" das condições de financiamento "relativamente favoráveis".
Segundo a agência de rating, os bancos portugueses vão ter de devolver o financiamento barato de rondas anteriores dos TLTRO entre junho de 2020 e março de 2021. Esta é a maior fatia dos empréstimos do BCE aos bancos que, no caso de Portugal, representam 4,7% dos ativos da banca.
(Notícia atualizada às 11h12 com mais informação)
"A perspetiva para o setor bancário em Portugal mudou de positiva para estável uma vez que o crescimento económico do país vai desacelerar em linha com o conjunto da Zona Euro", escreve a agência de rating, antecipando um crescimento de 1,7% este ano, o que contrasta com a previsão da Comissão Europeia atualizada na semana passada para 2%.
Na nota publicada hoje, Maria Vinuela, analista sénior da Moody's, prevê que o capital, a rentabilidade e as condições de financiamento "se mantenham inalteradas nos próximos 12 a 18 meses" e que o crédito malparado (NPLs) continue a ser reduzido, o que também será ajudado pela venda de portfólios.
Contudo, "o stock de ativos problemáticos irá manter-se elevado para os padrões europeus". A Moody's prevê que o rácio de NPLs desça para 8,1% no final de 2020 para o conjunto dos bancos portugueses que acompanha. Os dados divulgados recentemente pelo Banco Central Europeu (BCE) revelam que o nível atual é de 10,5%. A média europeia atual de NPLs é de 3%.
"A rentabilidade irá provavelmente manter-se para perto dos níveis baixos atuais", antevê Vinuela, referindo que as iniciativas de redução dos custos irão compensar "amplamente" o "reduzido" volume de negócio e o ambiente de taxas de juro "muito baixas".
A Moody's alerta ainda para o "elevado volume" de DTAs (ativos por impostos diferidos), que considera ser uma "forma de capital de baixa qualidade", "mina a resiliência do capital" dos bancos portugueses. "O capital dos bancos portugueses é mais fraco do que a maior parte dos seus parceiros europeus", assinala a agência de rating.
O relatório mantém a "probabilidade moderada" do Governo ter de ajudar os dois principais bancos portugueses, a CGD e o BCP. Para os restantes bancos a probabilidade é "reduzida".
Impacto líquido das políticas do BCE é positivo
Na opinião da Moody's, os bancos portugueses têm de agradecer ao Banco Central Europeu (BCE) pela política monetária expansionista. A agência de rating conclui neste relatório que o impacto líquido tem sido "positivo" para a banca portuguesa "até agora", contribuindo para a liquidez dos bancos.
"[As políticas do BCE] também reduziram o fardo de reembolsos do altamente endividado setor privado, levando a menor perdas com empréstimos. Ao mesmo tempo, o custo de financiamento mais baixo ajudou a manter as margens de juro líquidas iguais, em grande medida, apesar dos juros diretores mais baixos", explica a Moody's.
Certo para os analistas da agência de rating é que não haverá uma inversão dessa política monetária não convencional em breve. A expectativa da Moody's é que o BCE não comece a aumentar os juros antes da primeira metade de 2020 e "qualquer subida deverá ser muito gradual".
Para já, os bancos poderão aproveitar a terceira ronda de empréstimos de longo prazo (TLTRO III) anunciada em setembro deste ano no pacote de novos estímulos. A Moody's escreve que, apesar das condições serem menos favoráveis do que rondas anteriores, "o programa irá provavelmente manter-se atrativo para muitos bancos", incluindo os portugueses que podem participar para tirar "vantagem" das condições de financiamento "relativamente favoráveis".
Segundo a agência de rating, os bancos portugueses vão ter de devolver o financiamento barato de rondas anteriores dos TLTRO entre junho de 2020 e março de 2021. Esta é a maior fatia dos empréstimos do BCE aos bancos que, no caso de Portugal, representam 4,7% dos ativos da banca.
(Notícia atualizada às 11h12 com mais informação)