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Governo alerta que previsões do Banco de Portugal não contabilizam medidas do próximo OE
O ministro da Economia avisou esta quarta-feira que as previsões do Banco de Portugal que apontam para uma trajectória de "arrefecimento económico" não têm "ainda" em conta "o impacto" do próximo Orçamento do Estado.
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Hoje à noite, em Barcelos, o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, comentava assim o Boletim Económico de Dezembro do Banco de Portugal (BdP), divulgado esta quarta-feira, no qual o banco central revê em baixa a previsão de crescimento económico para este ano, de 1,7% para 1,6%, mas também para os próximos dois anos, piorando assim as estimativas de crescimento económico e admitindo, ainda, um "grau de incerteza particularmente elevado" na projecção, devido à inexistência do Orçamento do Estado para 2016.
"As previsões são num quadro em que ainda não foi apresentado o Orçamento do Estado, não têm em conta ainda o impacto que pode ter a alteração orçamental", sublinhou Caldeira Cabral.
Para o titular da pasta de Economia, "para além da alteração orçamental", há outros fatores a ter em conta, como o "impacto que o aumento de rendimentos terá", o "aceleramento dos fundos comunitários e o apoio ao investimento", que disse esperar que "faça com que as empresas cumpram o seu papel e reforcem o seu investimento".
Calceira Cabral apontou como objectivo "trabalhar para inverter, acelerar, o crescimento económico, da economia e do emprego", isto porque, referiu, "o investimento está ainda muito abaixo dos valores de antes da crise". No entanto, lembrou, os números apontados pelo BdP "são sempre só previsões".
A revisão em baixa do crescimento do PIB em 2015, mas também em 2016 e 2017, decorre essencialmente, explica o Banco de Portugal, de um comportamento das exportações "menos favorável" do que o esperado.
O Banco de Portugal prevê agora uma manutenção do contributo da procura interna para o crescimento do PIB líquido de importações (nos 1,1 pontos percentuais) e uma redução do peso das exportações para 0,4 pontos percentuais (face aos 0,6 estimados no boletim anterior).
O banco central antevê um aumento do contributo da procura interna para o crescimento do PIB em 2016 e 2017, para 0,9 pontos percentuais em cada um dos dois anos, e uma redução do peso das exportações, para 0,8 pontos percentuais e para 0,9 pontos percentuais, respectivamente.
Em Julho passado, o BdP estimava que as exportações representassem 1,2 pontos do crescimento do PIB em cada um dos anos, e que a procura interna pesasse 0,7 pontos em 2016 e 0,8 pontos em 2017.
O BdP continua a prever que Portugal feche 2015 com contas externas positivas, de 2,4% do PIB, tendo revisto ligeiramente em alta a previsão do saldo da balança corrente e de capital para este ano (em 0,1 pontos percentuais), e em baixa o saldo para os dois próximos anos.
As contas externas devem representar, estima o banco central, um saldo positivo de 2,5% do PIB em 2016 e de 2,3% do PIB em 2017, menos 0,7 e 0,9 pontos percentuais face ao que o estimado em Julho.
Por outro lado, o BdP estima agora que a inflação se fixe em 0,6% este ano, em 1,1% em 2016 e em 1,6% em 2017. No Boletim Económico de Julho previa-se uma taxa de inflação de 0,5% em 2015, 1,2% em 2016 e de 1,3% em 2017.