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Bastonário dos Contabilistas diz que orientação estratégica de Bruxelas favorece os mais ricos

O bastonário da Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC), Domingues Azevedo, criticou esta quarta-feira a Comissão Europeia por ter uma orientação estratégica da economia europeia que favorece os mais ricos, num momento em que decorrem negociações sobre o Orçamento do Estado.

Reuters
03 de Fevereiro de 2016 às 21:18
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"Há uma orientação global estratégica da economia europeia com a qual eu não estou nada de acordo", disse Domingues Azevedo, quando questionado sobre as negociações que decorrem entre o Governo português, liderado por António Costa, e Bruxelas.

 

O responsável falava à margem de uma conferência sobre "Arbitragem Tributária", organizada pela Ordem dos Contabilistas Certificados e o Centro de Arbitragem Administrativa (CAAD).

 

Domingues Azevedo aludiu às medidas que o Governo pretende adoptar devolvendo às famílias mais de 1.000 milhões de euros em 2016 e que serão parcialmente compensadas com o aumento dos impostos de selo, sobre produtos petrolíferos e o tabaco.

 

"Sensivelmente 1.100 milhões de euros é quanto representa alargar um pouquinho o muito apertado barrote fiscal que as pessoas tinham em Portugal e a Comissão Europeia insurge-se contra esse facto", afirmou.

 

Já sobre o caso do Banif, onde o Governo já colocou mais de 2 mil milhões de euros, diz não ter ouvido uma palavra da Comissão Europeia.

 

"Em circunstância nenhuma ouvi a Comissão Europeia manifestar-se por um caso como o Banif. Então isso não tem relevância que preocupe a Comissão Europeia? Mas já têm uns míseros 1.100 milhões de euros que vêm ajudar as pessoas que vivem no limbo, que não têm que comer e precisam de sobreviver", constatou.

 

O responsável considera que "é exactamente este tipo de orientação estratégica que leva a uma concentração muito mais acentuada de riqueza, em que alguns cidadãos são cada vez mais ricos e a grande maioria são cada vez mais pobres". "Há aqui uma orientação estratégica que tenho dificuldade em entender. Vamos lá reenquadrar estas questões que acho que estão mal reenquadradas", disse.

 

Domingues Azevedo considera que o Governo "tem tido a ponderação necessária que é preciso nestes tempos conturbados" e que "vai chegar a bom porto".

 

"Dadas as circunstâncias é preciso entendermos alguma irredutibilidade da Comissão Europeia. Temos ao lado a Espanha, que tem um problema de formação do Governo e contestação da população. Evidentemente que a Comissão Europeia sabe que se alargar a folga a Portugal, vai ter de pagar depois o que isso custa em relação a Espanha. Podemos ter uma dificuldade acrescida com o 'timing' em que estas coisas acontecem", disse.

 

A Comissão Europeia prossegue as discussões com o Governo português em torno do projecto de plano orçamental para 2016 e tomará uma decisão final na sexta-feira, disse hoje à Lusa uma fonte comunitária. 

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