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As previsões que enterraram Gaspar

O ministro das Finanças assumiu que os sucessivos desvios nas previsões económicas e orçamentais minaram a sua credibilidade. Há poucas semelhanças entre as previsões de 2011 e a realidade económica e orçamental que o País atravessa.

02 de Julho de 2013 às 13:32
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O ministro das Finanças assumiu ontem que os erros de previsão em relação à evolução da economia interna e dos objectivos orçamentais minaram a sua credibilidade.

 

 

O incumprimento dos limites originais do programa para o défice e a dívida, em 2012 e 2013, foi determinado por uma queda muito substancial da procura interna e por uma alteração na sua composição que provocaram uma forte quebra das receitas tributárias. A repetição destes desvios minou a minha credibilidade enquanto ministro das Finanças.
 
Carta de demissão de Vítor Gaspar a Pedro Passos Coelho, 1 de Julho

 

Em Fevereiro, no Massa Monetária, analisámos com base em previsões da Comissão Europeia e do FMI a degradação evidente da situação económica nacional face ao que estava previsto inicialmente. Actualizámos agora esses dados, com a informação do relatório da Comissão Europeia da sétima avaliação ao programa de ajustamento português. A conclusão de Fevereiro mantém-se no essencial: é difícil encontrar semelhanças com o plano original.

 


 

Fonte: Previsões da Comissão Europeia , excepto * (FMI)

 

As dificuldades do ajustamento orçamental assumidas pelo ministro das Finanças ficam evidentes nas revisões em alta dos objectivos de défice ao longo do programa de ajustamento. As metas de défice estão longe do acordado em 2011 e poderão continuar a ser flexibilizadas para 2014 e 2015, já reconheceu o próprio primeiro-ministro.

 

A situação em termos de défice estrutural também não é melhor. Em Agosto de 2011, a troika previa que já este ano Portugal atingisse um orçamento equilibrado em termos estruturais (isto é sem medidas extraordinárias e efeitos do ciclo económico). Na sétima avaliação estima-se um défice estrutural de 3,2% do PIB e adia-se o equilíbrio para 2015.

 

Os maus resultados da execução orçamental dos vários anos, o alargamento do perímetro das Administrações Públicas que passou a incluir várias empresas excluidas até então, e a recessão mais grave que o esperado impulsionaram a dívida pública para valores superiores a 120% do PIB, colocando-a em níveis que começam a preocupar em termos de sustentabilidade. O resultado só não é pior pelo encaixe conseguido com privatizações desde o início do programa e por uma gestão mais eficiente da Tesouraria do Estado.

 

Os sinais da actividade económica a nível interno também não são animadores, especialmente se comparados com as previsões de 2011, quando se apontava para que este ano a economia estivesse já a crescer, puxada por exportações e investimento, com uma taxa de desemprego que não ultrapassaria os 13%. A realidade foi bem mais dura. O consumo privado afundou reagindo a um aumento do desemprego para valores superiores a 18%, após sucessivas revisões em alta nos últimos dois anos. Num contexto de recessão interna e estagnação externa, o investimento também foi sucessivamente revisto em baixa. Pela positiva esteve uma redução do défice externo acima da prevista inicialmente.

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