“Apesar de ser bastante elogiado pela chamada troika de credores internacionais – Comissão Europeia, FMI e BCE –, Gaspar foi visto por muitos portugueses como a face das medidas de austeridade profundamente impopulares”, refere o jornal britânico na sua edição “online”.

Diz o FT que Vítor Gaspar era altamente reconhecido pelos seus congéneres da Zona Euro, “alguns dos quais o viam como um forte candidato a presidir ao Eurogrupo, não fosse o caso de provir de um país resgatado”.

“Esta demissão ocorre num momento delicado para Passos Coelho, numa altura em que procura incutir confiança junto dos investidores internacionais antes da planeada saída (em Junho de 2014) de Portugal do programa de ajustamento desenhado para três anos”, acrescenta o “Financial Times”, que apelida Gaspar de "arquitecto da austeridade", termo que dá op título ao artigo do jornal britânico.

O FT recorda que o potencial desmoronamento da coligação governamental é visto como um dos maiores riscos ao sucesso do resgate de Portugal. “A demissão de Gaspar poderá ajudar a diminuir as tensões entre os dois partidos no governo no que diz respeito ao nível de austeridade que é política e socialmente exequível em Portugal, isto antes das eleições autárquicas de Setembro”.

Em declarações ao “Financial Times”, um responsável da União Europeia referiu que a escolha de Maria Luís Albuquerque para substituir Gaspar talvez acalme os nervos, uma vez que é bem conhecida entre os elementos da troika. “Ela foi uma figura-chave como secretária de Estado em tempos difíceis”, afirmou.