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Há oito meses que Gaspar pediu a demissão
Na carta de demissão endereçada ao primeiro-ministro, Vítor Gaspar revela que há oito meses que pediu a sua demissão "urgente". Chumbos do Constitucional, fraco apoio popular e divisões no governo tornaram a sua saída "inevitável". Gaspar diz também que o país tem agora pela frente uma nova fase, a do investimento, que exige "credibilidade e confiança", contributos que não tem mais condições de assegurar. Leia a carta aqui
Na carta de demissão endereçada ao primeiro-ministro, Vítor Gaspar revela que há oito meses que pediu a Pedro Passos Coelho a sua demissão "urgente". A carta, divulgada às redacções pelo Ministério das Finanças, refere que essa urgência se tornou agora "inadiável".
Vítor Gaspar revela que o pedido de demissão foi apresentado no Outono de 2012 após o chumbo do Tribunal Constitucional ao corte nos subsídios dos funcionários públicos e em face de uma "erosão significativa no apoio da opinião pública às políticas necessárias ao ajustamento orçamental e financeiro na sequência das alterações então propostas à TSU".
A demissão tornou-se depois "inevitável" na sequência do segundo acórdão negativo do Constitucional, escreve Gaspar, ao revelar que se manteve no cargo para assegurar a conclusão do sétimo exame regular da troika, das negociações europeias com vista à extensão do prazo de pagamento dos empréstimos concedidos pela Europa e do Orçamento rectificativo. "Aceitei por causa da situação dramática para a qual o país seria arrastado se essas tarefas não fossem realizadas", afirma, ao fazer uma referência expressa às divisões na coligação de governo que lhe terão também minado a credibilidade externa.
"Relembro que apenas após o Conselho de Ministros extraordinário de 12 de Maio recebi um
mandato claro do Governo que permitisse a conclusão do sétimo exame regular (o que aconteceu imediatamente a seguir, a 13 de Maio)". "A ausência de um mandato para concluir atempadamente o sétimo exama regular não me permite agora continuar a liderar a equipa que conduz as negociações com o objectivo de melhor proteger os interesses de Portugal".
Gaspar faz ainda uma reflexão sobre as suas limitações e responsabilidades e diz também que o país tem agora pela frente uma nova fase, a do investimento, que exige "credibilidade e confiança", contributos que não tem mais condições de assegurar. O agora ex-ministro frisa que os desafios e riscos permanecem enormes e exigem a coesão do Governo. "É minha firme convicção que a minha saída contribuirá para reforçar a sua liderança e a coesão da equipa governativa", escreve, terminando com o agradecimento ao primeiro-ministro pelo "enorme e inestimável apoio" que lhe concedeu ao longo destes dois anos de "excelente cooperação".
(notícia actualizada às 17h55)