Notícia
Tsipras vai assumir a responsabilidade de dizer "o grande não" aos credores
O primeiro-ministro grego diz que, sem uma proposta viável, o seu Governo vai assumir a responsabilidade de recusar um acordo com os credores e dizer "o grande não" à continuação das políticas "catastróficas" para a Grécia.
- 169
- ...
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, garante estar preparado para assumir a responsabilidade de rejeitar um acordo com as instituições internacionais – caso estas mantenham exigências "inaceitáveis" - e dizer "o grande não" aos credores.
Com uma solução viável, "o Governo grego, eleito recentemente pelo povo, arcará com o custo de levar a cabo este difícil acordo", afirmou Tsipras, numa conferência de imprensa, esta manhã. Caso contrário, "vamos assumir a responsabilidade de dizer 'o grande não' ('the big no') à continuação das políticas catastróficas para a Grécia".
O chefe do Governo de Atenas insistiu que as propostas gregas vão ao encontro das metas orçamentais definidas pelos credores para 2015 e 2016 (o documento entregue por Tsipras no fim-de-semana fixa um excedente orçamental de 1% do PIB em 2015 e 2% em 2016, tal como os credores exigiam). No entanto, cabe ao Executivo de Atenas definir as medidas que permitirão alcançar esses objectivos.
"As nossas propostas garantem totalmente o cumprimento das metas orçamentais que as instituições credoras estabeleceram para 2015 e 2016. Mas a Grécia é um Estado soberano. O Governo grego tem um mandato recente e é da sua própria competência decidir como aplicar os impostos e onde encontrar o dinheiro", frisou o governante, em declarações aos jornalistas.
Alexis Tsipras deixou implícito que não vai ceder a mais nenhuma exigência dos credores, muito menos ultrapassar a "linha vermelha" definida pelo seu Governo e que diz respeito ao sistema de pensões. O
Primeiro-ministro da Grécia
primeiro-ministro considera "incompreensível" que os credores insistam em mais cortes nas pensões.
"Se os líderes políticos da Europa insistirem nesta exigência incompreensível, vão assumir o custo de um desenvolvimento que não será benéfico para ninguém na Europa", avisou Tsipras.
E continuou: "Nós só temos uma opção, que é encontrar uma solução que seja aceite e aprovada pelo Governo e pelo Parlamento. Se não temos um compromisso honroso, vamos dizer que não".
Alexis Tsipras falava numa conferência de imprensa, em Atenas, realizada após o encontro com o chanceler austríaco, Werner Faymann, que se mostrou solidário com Atenas, criticando algumas das medidas propostas pelos credores internacionais.
"Estou do lado da população grega que [estando numa] posição difícil lhe está a ser proposto mais coisas prejudiciais à sociedade", afirmou Faymann esta manhã, em declarações a uma estação do seu país, citadas pela Reuters.
"Sei que houve um número de propostas, também das instituições, que não acho que estejam em ordem", acrescentou. "Elevado desemprego, 30-40% [da população] sem planos de saúde e ainda ir subir o IVA dos medicamentos. As pessoas nesta situação difícil não podem entender isto".