Notícia
Schäuble: Portugal ia no bom caminho até mudar de Governo
O ministro alemão das Finanças disse esta quarta-feira que "Portugal vinha tendo muito sucesso até [à chegada] de um novo Governo". Schäuble lamenta que o actual Executivo tenha começado a governação anunciando que não cumpriria os objectivos do Executivo de Passos Coelho.
Depois de em Junho Wolfgang Schäuble ter, aparentemente, lançado sobre Portugal o risco de um novo resgate, agora o ministro alemão das Finanças vem considerar que o actual Governo português colocou o país a trilhar um caminho errado. De acordo com a agência Bloomberg, Schäuble afirmou esta quarta-feira, 26 de Outubro, que "Portugal vinha tendo muito sucesso até [à chegada de] um novo Governo".
Num discurso feito durante uma conferência realizada em Bucareste, capital da Roménia, o governante alemão acrescentou ainda que "depois das eleições" do ano passado, tomou posse um Executivo que "declarou que não vamos respeitar aquilo com que o anterior Governo se comprometeu".
"As coisas estão a acontecer da forma para a qual eu alertei o meu colega português [Mário Centeno] porque eu disse-lhe que se seguissem esse caminho iriam correr um grande risco e eu não correria esse risco", disse ainda Schäuble em declarações reproduzidas pela Bloomberg.
O responsável germânico não se ficou por aqui nos recados. Não somente com Lisboa na mira, mas também países entre os quais facilmente se colocaria Itália, Grécia ou até mesmo a França, Wolfgang Schäuble reiterou que os Estados-membros da Zona Euro têm de respeitar as regras que os próprios validaram, referindo-se à contenção orçamental e à redução do défice previstas pelo pacto orçamental.
Esta não é a primeira vez que Schäuble se distancia das ideias do primeiro-ministro, António Costa, e da governação levada a cabo pelo actual Executivo socialista. Se a vitória da coligação PSD-CDS nas legislativas de Outubro do ano passado serviram de mote para Schäuble afirmar que se tratara de um resultado que servia de "encorajamento" ao Governo de Passos Coelho, a perspectiva de concretização da actual solução governativa (conhecida como geringonça) faziam o ministro alemão instar Lisboa a não mudar de rumo.
Já em Fevereiro deste ano e com o Governo de Costa em funções, o número dois do Executivo da chanceler Angela Merkel dizia algo muito próximo do que hoje afirmou em Bucareste. À chegada a um encontro do Eurogrupo, Schäuble defendia que a trajectória das contas públicas do anterior Governo estava a ser "bem-sucedida", notando então que os mercados estavam a ficar "nervosos" com a perspectiva de mudança de políticas.
Entretanto, quando em Maio começava a aquecer a discussão em torno da aplicação de sanções a Portugal, e também a Espanha, por défices excessivos, o político democrata-cristão mostrou-se contra a decisão de adiar a aplicação de penalizações a Lisboa.
A polémica mais recente surgiu no final de Junho quando, também durante uma conferência, dessa feita em Berlim, as agências Bloomberg e Reuters atribuíram a Schäuble a seguinte declaração: "Portugal pediu um novo programa e vai tê-lo". Começavam ainda a fazer-se sentir os efeitos desta polémica afirmação e já o próprio Schäuble clarificava o que teria realmente querido dizer: "Portugal está a cometer um erro grave se não cumprir os compromissos assumidos", acrescentando que "os portugueses não querem [um segundo resgate], e também não precisarão dele se cumprirem as regras europeias". O governante concluía dizendo que o Governo português tem de "cumprir as regras europeias, caso contrário enfrentará dificuldades".
Pese embora a rápida clarificação, o Ministério português das Finanças sentiu a necessidade de responder ao alemão. O Ministério tutelado por Mário Centeno explicava através de comunicado que "não está em consideração qualquer novo plano de ajuda financeira a Portugal", não deixando de salientar que as afirmações de Schäuble já tinham sido "imediatamente corrigidas pelo próprio".
(Notícia actualizada às 18:40)
Num discurso feito durante uma conferência realizada em Bucareste, capital da Roménia, o governante alemão acrescentou ainda que "depois das eleições" do ano passado, tomou posse um Executivo que "declarou que não vamos respeitar aquilo com que o anterior Governo se comprometeu".
"As coisas estão a acontecer da forma para a qual eu alertei o meu colega português [Mário Centeno] porque eu disse-lhe que se seguissem esse caminho iriam correr um grande risco e eu não correria esse risco", disse ainda Schäuble em declarações reproduzidas pela Bloomberg.
Esta não é a primeira vez que Schäuble se distancia das ideias do primeiro-ministro, António Costa, e da governação levada a cabo pelo actual Executivo socialista. Se a vitória da coligação PSD-CDS nas legislativas de Outubro do ano passado serviram de mote para Schäuble afirmar que se tratara de um resultado que servia de "encorajamento" ao Governo de Passos Coelho, a perspectiva de concretização da actual solução governativa (conhecida como geringonça) faziam o ministro alemão instar Lisboa a não mudar de rumo.
Já em Fevereiro deste ano e com o Governo de Costa em funções, o número dois do Executivo da chanceler Angela Merkel dizia algo muito próximo do que hoje afirmou em Bucareste. À chegada a um encontro do Eurogrupo, Schäuble defendia que a trajectória das contas públicas do anterior Governo estava a ser "bem-sucedida", notando então que os mercados estavam a ficar "nervosos" com a perspectiva de mudança de políticas.
Entretanto, quando em Maio começava a aquecer a discussão em torno da aplicação de sanções a Portugal, e também a Espanha, por défices excessivos, o político democrata-cristão mostrou-se contra a decisão de adiar a aplicação de penalizações a Lisboa.
A polémica mais recente surgiu no final de Junho quando, também durante uma conferência, dessa feita em Berlim, as agências Bloomberg e Reuters atribuíram a Schäuble a seguinte declaração: "Portugal pediu um novo programa e vai tê-lo". Começavam ainda a fazer-se sentir os efeitos desta polémica afirmação e já o próprio Schäuble clarificava o que teria realmente querido dizer: "Portugal está a cometer um erro grave se não cumprir os compromissos assumidos", acrescentando que "os portugueses não querem [um segundo resgate], e também não precisarão dele se cumprirem as regras europeias". O governante concluía dizendo que o Governo português tem de "cumprir as regras europeias, caso contrário enfrentará dificuldades".
Pese embora a rápida clarificação, o Ministério português das Finanças sentiu a necessidade de responder ao alemão. O Ministério tutelado por Mário Centeno explicava através de comunicado que "não está em consideração qualquer novo plano de ajuda financeira a Portugal", não deixando de salientar que as afirmações de Schäuble já tinham sido "imediatamente corrigidas pelo próprio".
(Notícia actualizada às 18:40)