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António Costa sobre Schäuble: "É uma andorinha que não faz a Primavera"
Em entrevista à Visão, o primeiro-ministro assegura que as relações com as instituições europeias são boas. A aparente hostilidade no início deveu-se "a muita intoxicação" e o ministro das Finanças alemão é "uma andorinha que não faz a primavera".
A dobrar um ano de Governo à esquerda, António Costa garante que, na Europa, "as pessoas perceberam bem que nós tínhamos uma alternativa que não só não enfraquecia o projecto europeu como lhe dava força", estando ultrapassada a "intoxicação" contra Portugal que diz ter havido nos primeiros tempos de governação. Quanto às posições criticas que vêm sendo assumidas pelo ministro das Finanças alemão, trata-se de uma excepção.
Numa entrevista concedida à revista Visão, o primeiro-ministro reconhece que a sua experiência e os contactos cultivados no passado ajudaram a ultrapassar algumas barreiras, mas não é tudo. "Na Europa as relações pessoais são importantes. Mas o decisivo são os resultados", afiança.
Wolfgang Schäuble tem sido uma das vozes dissonantes – ainda há pouco tempo afirmou que Portugal ia no bom caminho até ao novo Governo chegar – mas Costa arruma-o para um canto. "Nunca senti que as posições dele, ao longo deste período, relativamente a Portugal, fosse o conjunto das instituições europeias – nem sequer a do Governo alemão, com quem temos uma relação muito amigável". Em suma, "é uma andorinha que não faz a primavera".
Internamente, recusa-se a ir mais longe nas explicações sobre a Caixa, nomeadamente sobre se havia ou não no Governo o entendimento de que os administradores não teriam de entregar a declaração de rendimentos e património. O que importa é a posição do Tribunal Constitucional que "não os dispensa de apresentarem essas declarações", afirma.
Elogioso em relação aos resultados conseguidos até aqui pela geringonça, o primeiro-ministro recusa que lhe chamem "optimista".
"Onde diz optimista, substitua por determinado", disse, aos jornalistas. Está determinado a fazer cumprir o programa de Governo, mas, vai acrescentando, "Governar é como conduzir : se há mais trânsito, tiramos o pé do acelerador. Se há menos, carregamos mais no pedal".