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CGD: Carlos Costa "perfeitamente tranquilo" quanto à estabilidade do sistema financeiro
O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, disse esta segunda-feira estar "perfeitamente tranquilo" quanto à estabilidade do sistema financeiro português, em resposta a uma questão sobre a Caixa Geral de Depósitos (CGD).
"Estou perfeitamente tranquilo em relação à estabilidade do sistema financeiro", disse apenas Carlos Costa, na 8.ª Conferência do Banco de Portugal, sobre o Desenvolvimento Económico Português no Espaço Europeu, que hoje decorre em Lisboa, em reposta a uma pergunta sobre a CGD.
Há várias semanas que a CGD tem estado envolta em polémica, devido à relutância da actual administração, liderada por António Domingues, em apresentar as declarações de rendimentos, motivando várias críticas e alertas dos vários partidos e responsáveis políticos e de governo.
No domingo ao final da tarde, o presidente do Grupo Parlamentar do PS, Carlos César, deixou inclusive um aviso, afirmando que "o Tribunal Constitucional já notificou os administradores da CGD no sentido de que devem entregar [as declarações de património e de rendimentos]" e que "a questão é muito simples: se no prazo adequado os administradores da Caixa o fizerem, está tudo bem; se não o fizerem, não devem continuar como administradores da CGD".
Na sexta-feira à noite, a CGD apresentou os resultados dos primeiros nove meses deste ano que mostram prejuízos de 189,3 milhões de euros, face a um lucro de 3,4 milhões de euros registados no mesmo período de 2015.
No mesmo dia, o ministro das Finanças, Mário Centeno, anunciou que "a capitalização da Caixa está em curso, está aprovada e tem um conjunto de medidas importantes para a vida da CGD, que vai ser concretizado", mas "a injecção pública de capital na CGD irá ocorrer no ano de 2017".
Em Agosto passado Mário Centeno estabeleceu um acordo de princípio com a Comissão Europeia sobre a estratégia de recapitalização da CGD em condições de mercado compatíveis com a ausência de uma ajuda de Estado.
Com este acordo, o Estado ficou autorizado a realizar um aumento de capital até 2.700 milhões de euros, a transferir as acções da ParCaixa para a CGD no valor de 500 milhões de euros, e a converter em acções 960 milhões de euros de instrumentos de capital contingentes subscritos pelo Estado (CoCos). Ficou ainda prevista a emissão de instrumentos de dívida com elevado grau de subordinação, no montante de cerca de 1000 milhões de euros.
Hoje, fonte comunitária disse à Lusa que a Comissão Europeia e o Governo estão em contacto sobre o processo de recapitalização da CGD, mas o 'timing' da intervenção estatal está nas mãos das autoridades portuguesas.