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Primeiro número do Charlie Hebdo depois do ataque esgotou em minutos. Tiragem aumenta para cinco milhões

Minutos depois de chegar às bancas por toda a França, esgotou. A tiragem inicial era de um milhão, passou para três e aumentou agora para cinco milhões. Esta é mais uma edição polémica: além do profeta Maomé na capa, contém o Papa Francisco vestido como um chefe da máfia.

14 de Janeiro de 2015 às 13:19
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Assim, ao longo dos próximos dez dias vão vão chegar meio milhão de exemplares por dia às bancas. Além do francês, esta edição inclui também versões em seis línguas diferentes.

 

É a primeira edição do Charlie Hebdo depois do ataque ao semanário satírico há uma semana, que terminou com a morte de 12 dos seus colaboradores, incluindo o director e cartonista Charb.

 

Estes números superam em muito a circulação habitual de 60 mil exemplares e demonstram o impacto que a onda de violência que durou 54 horas na passada semana teve no hexágono.

 

O Charlie Hebdo continua de mãos dadas com a polémica. Esta edição inclui vários cartoons com o profeta Maomé, uma freira a masturbar-se e o Papa Francisco vestido como um chefe da máfia.

 

"Agradecemos do fundo do nosso coração a todos os indíviduos e organizações que são sinceramente e profundamente Charlie. E estamos a cagar-nos para quem, de qualquer maneira, se está a f***r para nós".

 

A edição conta com desenhos dos cartonistas mortos. Outros desenhos foram feitos por outros cartonistas, mas a emular o estilo de Charb, Wolinski, Cabu e Tignous.

 

A corrida às bancas começou cedo em Paris, com os franceses em longas filas de espera para comprarem a edição. Pelas 07h30 da manhã (06h30 em Lisboa) já não era possível encontrar jornais nas bancas, como relata a imprensa francesa

 

"Nós queriamos receber 250 cópias, mas só tivemos direito a 65 e 57 já estão reservadas. Vendemos os restantes em segundo. É uma pena termis tido tão poucas cópias", disse um vendedor na Gare de Saint Lazare no centro de Paris ao jornal Le Figaro. 

 

Noutra banca da mesma gare, o episódio repetiu-se. "Recebemos 50 exemplares, mas 30 já estavam reservados. O meu stock foi-se em dois minutos". O segredo para obter a edição mais recente do Charlie Hebdo passa agora por reservar antecipadamente o jornal, conforme aconselha este vendedor.

 

Na Gare du Nord, um vendedor contou ao Figaro que limitou a venda a "dois ou três exemplares por pessoa", depois de alguns clientes terem tentado comprar todas os exemplares à venda.

 

Esta edição está a ser vendida por três euros, mas na internet já existem exemplares a serem vendidos por mais de 600 euros, como conta o Independent.

 

As críticas a esta edição não se fizeram esperar. O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, acusa o Ocidente de "estar a jogar" com o mundo muçulmano e apelou aos governos ocidentais para combaterem a islamofobia.

 

Também o príncipe da Jordânia considera que a capa com Maomé veio aumentar a tensão com os muçulmanos. "Se o cartoon [na capa com Maomé] dissesse "Je suis Ahmed", dado que muitos usaram essa frase após o polícia Ahmed Merabet ter sido morto, poderia não ter aumentado a tensão", disse Hassan bin Talal.

 

Já Zineb El Rhazoui, colaboradora do Charlie Hebdo e que sobreviveu ao ataque, apela aos muçulmanos para não se ofenderem com os desenhos.

 

"Os muçulmanos devem compreender que nós no Charlie Hebdo consideramos o Islão uma religião normal como qualquer outra religião em França. O Islão deve ser tratado como qualquer outra religião neste país. E devem também aceitar o humor", afirmou aos microfones da BBC Radio 4, citada pelo The Guardian.

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