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Monti em conversações para ser candidato a primeiro-ministro em Itália

Partidos políticos do centro estarão a pressionar o ainda primeiro-ministro para que este concorra às eleições legislativas que vão ter lugar no início do próximo ano.

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Mario Monti está em conversações com grupos do centro político de Itália para concorrer às eleições legislativas, noticia esta tarde o “Financial Times”, adiantando que o ainda primeiro-ministro está a ser pressionado nesse sentido pelos mercados financeiros, pelos líderes europeus e também pela Igreja Católica.

Segundo a publicação britânica, vários responsáveis políticos encetaram conversações com Monti, tentando encoraja-lo a concorrer às eleições legislativas. Receiam sobretudo que o regresso de Berlusconi ameace a implementação das reformas levadas a cabo por Monti.

O ainda primeiro-ministro de Itália, que anunciou a intenção de se demitir depois de perder o apoio do partido de Berlusconi, terá já falado com Luca Cordero di Montezemolo, patrão da Ferrari que lançou recentemente um movimento político, bem como com Pier Ferdinando Casini, líder dos centristas católicos da UDC.

Os centristas, segundo o Financial Times, esperam que a decisão de Mario Monti lhes seja comunicada ao longo desta semana. Um anúncio oficial nesse sentido seria efectuado depois do Parlamento aprovar o Orçamento do Estado para 2013, o que deverá acontecer na semana antes do Natal.

Apesar desta notícia, Monti deu hoje a entender que não irá concorrer às eleições legislativas, apesar de também não ter fechado essa porta. Instado a clarificar se tenciona candidatar-se às eleições, que serão agora antecipadas possivelmente para 17 ou 24 de Fevereiro, o antigo comissário europeu respondeu que “neste momento” não equaciona essa hipótese. “Não estou, neste momento, a considerar em particular essa questão. Todos os meus esforços estão concentrados no mandato que resta ao Governo em funções, que, parecendo curto, ainda exigirá uma dedicação intensiva de espírito e de energia da minha parte e do conselho de ministros”.

Hollande foi um dos líderes europeus que desvalorizou a saída de cena de Monti, afirmando à Reuters que tal é uma “pena no curto prazo, mas dentro de um ou dois meses, Monti poderá juntar-se a uma coligação governamental para estabilizar a Itália”.   

Monti qualificou esta tarde de normal a resposta dos mercados financeiros, que reagiram negativamente ao anúncio de que se demitirá após a aprovação do Orçamento do Estado para 2013, o que poderá acontecer ainda antes do Natal,  precipitando em algumas semanas as eleições que já estavam agendadas para Março.

“Eu entendo a reacção dos mercados; não precisa de ser dramatizada. Estou muito

Não estou, neste momento, a considerar em particular essa questão. Todos os meus esforços estão concentrados no mandato que resta ao Governo em funções
 
Mario Monti

confiante de que as eleições italianas abrirão espaço para uma coligação ou para um governo que, na minha opinião, será altamente responsável, pró-europeu e consistente com os enormes esforços já empreendidos pela Itália".

Falando em Oslo, à margem da cerimónia de entrega do prémio Nobel da Paz à União Europeia, Monti assegurou que não há razões para que os investidores temam uma situação de vazio político em Itália.

O anúncio de Mário Monti, no sábado, de que abandonará o Governo logo após a aprovação definitiva do novo  Orçamento surgiu depois de, na passada quinta-feira, o Partido da Liberdade, de Sílvio Berlusconi, lhe ter retirado o apoio ao abster-se numa votação central no Senado sobre as grandes orientações de política económica, e de ter ameaçado bloquear o decreto-lei que incapacita para o desempenho de cargos públicos quem tenha sido condenado em definitivo pela justiça por crimes onde se tenha provado dolo deliberado. A retirada de Monti sucedeu-se ainda ao anúncio do próprio Berlusconi de que está disponível para se apresentar às eleições. 

Nas mais recentes sondagens, o partido de Berlusconi surge com 15%-18% das intenções de voto, menos de metade das que tinha quando o mega-empresário ainda estava no Governo. Já o Partido Democrático de Pier Luigi Bersani – que também integra a base de apoio ao governo tecnocrata de Monti - surge com 35%-38% dos votos, podendo, neste cenário, formar uma coligação de governo com os centristas da UDC  de Pier Ferdinando Casini, antigo aliado, entretanto desavindo, de Berlusconi.   

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