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Paula Gonçalves Carvalho: "Já se terá atingido o limite da tendência de queda das Euribor"

"As taxas de juro deverão estabilizar em torno dos níveis actuais", diz Paula Gonçalves Carvalho, economista-chefe do BPI, em conversa com o Negócios.

28 de Novembro de 2013 às 00:03
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Com o corte de juros do BCE, as prestações de quem tem revisão do crédito no próximo mês vão baixar (no caso dos financiamentos indexados à Euribor a três meses). Poderão continuar a cair?

O movimento de descida das taxas de juro indexantes [dos contratos de crédito] foi marginal e estabilizou. O espaço para quedas adicionais é muito limitado, pelo que a probabilidade de novas reduções das prestações de crédito é baixa.

Em 2014, os portugueses poderão contar com juros mais baixos ou em torno dos níveis actuais?

As taxas de juro deverão estabilizar em torno dos níveis actuais. O efeito da redução dos estímulos nos EUA poderia causar algum efeito de contágio, e subida de taxas na Zona Euro, mas tal seria contrariado pelo BCE que se tem demonstrado decidido a manter as condições de política monetária ultra-acomodatícias. Pelo que poderá adoptar novas medidas caso ocorra risco de aperto das condições financeiras na Europa.

O BCE abriu a porta à possibilidade colocar a taxa de depósitos em negativo. Que probabilidade dá a esta medida?

Uma probabilidade reduzida. É uma medida que não foi suficientemente testada – nos países onde foi implementada (Dinamarca) parece não estar a surtir o efeito desejado. De facto, a questão da fragmentação bancária deriva sobretudo da falta de confiança nos activos dos bancos da periferia, a qual por sua vez está muito dependente das fragilidades estruturais de cada país. Por isso, taxas de depósito (para os bancos) negativas gerariam uma penalização para as instituições financeiras excedentárias que poderiam passar esse ónus para os privados aforradores, penalizando ainda mais a poupança nos países do Norte da Europa (onde as descidas de taxas do BCE já causaram alguma contestação) e não seria um incentivo suficiente para impulsionar o mercado interbancário europeu e a redução da dependência do financiamento do BCE entre os bancos dos países periféricos. Em contrapartida, parece-me que a concretização plena da União bancária daria uma resposta mais adequada à actual situação.

Que impacto poderia ter nas Euribor uma penalização para os bancos que parquearem a liquidez no banco central?

O impacto seria marginal dado o provável reduzido estímulo à reactivação do mercado grossista e interbancário europeu entre instituições excedentárias e deficitárias de liquidez.

Nas últimas sessões, as Euribor têm vindo a registar valorizações expressivas. A que se deve tal comportamento? Redução de liquidez no sistema? Ou atingimos um limite na queda destas taxas?

O movimento tem sido marginal e pode reflectir oscilação pontual da liquidez. Mas evidencia que já se terá atingido o limite da tendência de queda das Euribor.

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