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Prestação da casa sobe nos contratos com taxa a seis meses

Subidas recentes das Euribor reflectem limite da tendência de queda das taxas utilizadas como referência nos empréstimos para a compra de casa.

28 de Novembro de 2013 às 00:03
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Mario Draghi surpreendeu na última reunião ao anunciar um corte da taxa de referência da Zona Euro. Colocou os juros num novo mínimo histórico, decisão que começa agora a ter efeitos práticos para as famílias. Mas não para todas. As que têm crédito à habitação indexado à taxa de mercado de mais longo prazo, a seis meses, até vão passar a pagar um pouco mais pelo empréstimo contraído para a compra de casa própria.

Perante a perspectiva de uma taxa de inflação baixa durante um "período prolongado", o BCE resolveu agir: cortou a taxa de 0,5% para 0,25%. De imediato, as Euribor reagiram em baixa. Assistiu-se a uma correcção dos ganhos registados desde o final de Maio, altura em que Reserva Federal anunciou que estava a analisar o "timing" para a retirada dos estímulos. Mas não anulou totalmente a subida no caso da Euribor a seis meses.

Assim, quem tem crédito à habitação indexado à taxa interbancária com esta maturidade, não vai beneficiar da decisão do presidente do BCE, Mario Draghi. Os contratos que tiverem revisão em Dezembro, vão pagar um pouco mais a partir de Janeiro, mantendo-se a mensalidade fixa nos seis meses seguintes. Num crédito de 100 mil euros a 30 anos, com um "spread" de 0,7%, há um aumento de 0,4%, com a prestação a subir de 321,59 para 322,88 euros.

É uma subida, ainda que ligeira, à qual os portugueses que contrataram a Euribor a três meses na altura de efectuar o financiamento junto da banca vão escapar. Nestes créditos, irá haver, de facto, uma redução dos encargos. Num financiamento de 100 mil euros, de acordo com os cálculos do Negócios, a mensalidade baixa de 318,25 para 318,07 euros. Ou seja, reduz-se em 0,06%.

Prestações sem margem

Nas últimas sessões do mês, as Euribor até regressaram aos ganhos, num "movimento que tem sido marginal e pode reflectir oscilação pontual da liquidez", explica Paula Gonçalves Carvalho. A taxa a seis meses passou de 0,316% para 0,327%%, já a de três meses avançou até aos 0,23%, comportamento que "evidencia que já se terá atingido o limite da tendência de queda das Euribor", nota a economista-chefe do Banco BPI.

Neste sentido, a perspectiva é de que as famílias portuguesas não venham a sentir reduções expressivas no custo do crédito à habitação que está já em níveis muito baixos. "O espaço para quedas adicionais é muito limitado", nota a especialista do BPI. Estamos à espera de estabilidade nos juros, que devem continuar historicamente baixos", remata Filipe Garcia, economista da IMF ao Negócios. "Penso que as prestações devem permanecer estáveis, com ligeiro viés de subida devido à diminuição da liquidez dita "excessiva" no sistema financeiro", conclui.

"O efeito da redução dos estímulos nos EUA poderia causar algum efeito de contágio, e subida de taxas na Zona Euro, mas tal seria contrariado pelo BCE que se tem demonstrado decidido a manter as condições de política monetária ultra-acomodatícias", salienta Paula Gonçalves Carvalho. "Mesmo que a liquidez dita ‘excessiva’ desapareça, o BCE deverá continuar a criar condições para taxas Euribor muito baixas", refere Filipe Garcia.

Mais medidas do BCE

A taxa directora está em 0,25%, mas pode não ficar por aqui. Christian Noyer, presidente do banco central da França, admitiu após a última reunião que o BCE poderá baixar novamente os juros. Logo depois, Ardo Hansson, presidente do banco central da Estónia, veio afirmar que a autoridade monetária pode ir mais longe, cortando a taxa de depósitos para negativo.

"Estamos tecnicamente preparados" para reduzir a taxa de juro dos depósitos, afirmou Hansson. Na prática, esta medida fará com que os bancos paguem para estacionarem liquidez junto da autoridade monetária. A ideia é forçar a reactivação do mercado interbancário. O "impacto seria marginal" nas Euribor, na opinião da economista-chefe do BPI. Já Filipe Garcia nota que tal medida "só aceleraria a diminuição da liquidez excessiva, colocando as Euribor ligeiramente acima da taxa directora".

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